quinta-feira, 19 de junho de 2014


CASÓRIO

 

 

(BOM DIVERTIMENTO PARA QUEM JÁ É CASADO, JÁ O FOI OU AINDA SONHA COM A EXPERIÊNCIA.)
 

 


 

 

            Dizer, simplesmente, que uma peça “é sobre amor” parece-me muito pouco, já que este é o mais nobre sentimento humano e abarca uma infinidade de implicações.  A primeira frase da sinopse do espetáculo CASÓRIO, escrita, creio, pela própria autora de seu texto, a também atriz MARCÉLLI OLIVEIRA, diz assim; “Casório é uma peça sobre amor.”.

 

Eis a referida sinopse, com mínimas intervenções de nossa parte:

 


 
CASÓRIO é uma peça sobre amor.  Amor e tempo.  Amor e dor.  Amor e perda.  Amor.  Quatro mulheres, cada uma com suas diferentes personalidades, contam um pouco da sua história, de seus medos e expectativas, ao lado do homem que escolheram.  Um dia, que esperavam ser de total felicidade e contemplação, se torna ambíguo e duvidoso, fazendo com que, em um curto espaço de tempo, na sacristia de uma igreja, elas se tornem íntimas, revelando, umas às outras, seus segredos e suas carências.  Mulheres comuns, com sonhos, como todas as outras, dilemas a serem resolvidos e escolhas a serem feitas.  Elas acreditam no amor, mas temem sofrer, se separar.  Preocupam-se com o possível desgaste do casamento e acabam tornando-se cúmplices das histórias e dramas umas das outras.
As personagens não têm nomes, mas cada uma traz consigo uma personalidade bem definida e marcada. TAMMY DI CALAFIORI faz a noiva 1, uma mulher que ama o noivo, mas morre de medo de se prender a uma única relação para sempre.  PAULA GIFFONI é a noiva 2, romântica, sonhadora, casando, virgem, com seu primeiro amor.  A noiva 3 é CAROL GARCIA, menina doce e apaixonada, que conta muitas histórias engraçadas sobre ela e seu noivo.  E MARCÉLLI OLIVEIRA é a noiva 4, uma mulher dividida entre dois sonhos: o de casar com seu noivo, a quem ama de verdade, e o de ser mãe, já que os dois ela sabe que não pode concretizar.
 

 

Elenco atual de "Casório". (Foto: Carla De Conti)

Paula, Tammy, Carol e Marcélli.

 

Gostei do espetáculo, a despeito de ser uma montagem modesta, porém muito bem cuidada, em todos os aspectos, desde o texto, passando pela direção e  atuação do elenco, sem falar nos demais elementos necessários à montagem de um espetáculo teatral.

MARCÉLLI OLIVEIRA, que também está em cartaz, às 3ªs e 4ªs feiras, no Teatro dos Quatro (Shopping da Gávea), com outro texto de sua autoria, Às Terças, onde também atua, revela bastante talento para uma dramaturga incipiente.  Em CASÓRIO, explora, com propriedade, toda a gama de problemas afetos à difícil arte de dividir um teto com um(a) parceiro(a) e as dúvidas em fazê-lo.  E isso me faz lembrar a frase de uma modesta auxiliar do consultório dentário de uma amiga, quando, em conversa com esta, durante a qual reclamava muito do marido, tendo sido criticada pela patroa, por seu comportamento, disse-lhe: “É que a senhora não conhece ele, doutora.  Vai comer um quilo de sal com ele!”  Quanta sabedoria concentrada numa pessoa tão simplória! 

É muito bom o texto de MARCÉLLI.

 


As quatro noivas.

 


Um brinde a quê?

 


Uma revelação?

 

No elenco, as quarto atrizes se saem muito bem, contando, ainda, com a ótima participação de um único ator, que também se reveza na função de músico, ZECA RICHA, este se multiplicando em alguns “tipos de homem”, todos interpretados a contento.  Bom o trabalho de todo o elenco.

As personagens femininas, além de serem “nomeadas” por números, o que é uma indicação de que cada uma delas pode servir de identificação para algumas (?) espectadoras, também são tratadas como “a noiva das 6”, “a noiva das 7”…, o que só faz reforçar essa nossa tese.  Achei interessante esse detalhe.  Mas os personagens vividos por ZECA, certamente, também “ocupam cadeiras” no Café Pequeno.  É bastante curioso, após as sessões, o fato de algumas pessoas aguardarem as atrizes, principalmente, para fazerem, também, fora do palco, suas “confidências”, dizendo: “Eu sou você.” Ou, as que não têm coragem de abrir, publicamente, as gavetas de sua intimidade: “Conheço alguém igual a você.”

A personagem de PAULA GIFFONI é exageradamente romântica e sonhadora e vê, na união dos pais, casados há muitos anos, um exemplo a ser seguido.  Idealiza o casamento e o noivo, a ponto de deixar de lado seus sinceros pensamentos, sua vontade própria e sua real “identidade”, temendo que sua verdadeira personalidade possa desapontá-lo e ela, assim, perca seu grande amor.  Insegurança e falta de autoestima são suas principais características.

TAMMY DI CALAFIORI interpreta uma personagem totalmente oposta à anteriormente citada, pois é totalmente “descolada”, daquelas que não se contentam com um único amor na vida e acha que existem muitas pessoas interessantes no mundo, para se perder tempo, ficando a vida inteira com uma pessoa só.  Tem, em casa, no casamento dos pais, o exemplo de uma união falida, de fachada, mas “duradoura”, e tem medo de chegar a esse mesmo ponto, porque acredita que as pessoas permanecem juntas por comodismo e medo do novo, dos desafios.  Na verdade, sua personagem representa a mulher de hoje, em oposição à de antigamente, se bem que esse “antigamente”, para muitas, ainda hoje, infelizmente, seja o “agora”.

A personagem de CAROL GARCIA é uma mulher doce e sensível, que relata, durante a peça, sua história com seu noivo, contando fatos engraçados e curiosos dos dois e da falta de pontualidade do futuro marido, que, até para o dia do casamento se atrasa, e muito.  Conhecedora dessa péssima característica do rapaz, não se importa que as outras passem a sua frente, na realização da cerimônia, pela certeza do grande atraso que a aguarda, se é que ele honrará o compromisso.  Uma incógnita que o espectador carrega consigo para casa.

A noiva de MARCELLI OLIVEIRA vive um grande dilema: casar com o homem que ama ou ser mãe, já que ter filhos é uma de suas grandes prioridades, se não for a maior, desde a adolescência.  Decepcionou-se, sobremaneira, com um amor do passado, porém acabou encontrando o que ela considera ser “o homem perfeito”, o pai ideal para seus futuros filhos.  Não contava, porém, com o fato de, só um dia antes do casamento, por medo de perdê-la, o “príncipe encantado” lhe ter revelado ser estéril, por ter sido vasectomizado.  Uma “escolha de Sofia”?

Junte-se tudo isso, transformado em diálogos interessantes e bem escritos, e temos um bom texto teatral.

 


Carol.

 


Marcélli e Zeca.

 


Tammy.

 

A boa direção do espetáculo é de ALEXANDRE CONTINI, que também dirige Às Terças, contando, em CASÓRIO, com a supervisão de JOÃO FONSECA, de quem é discípulo; um aplicado discípulo, diga-se de passagem.  Imaginem se JOÃO, um dos mais consagrados encenadores brasileiros, iria ligar seu nome a um espetáculo que não fosse bom!...

A ficha técnica traz, ainda, outros nomes de destaque, dentre os quais citamos:

THIAGO VALENTE : ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO e DIREÇÃO DE MOVIMENTO

LORENA LIMA : CENOGRAFIA

DANIELA SANCHEZ e JOÃO ELIAS : ILUMINAÇÃO

FILOMENA MANCUZO : FIGURINOS

            FREDERICO DEMARCA : DIREÇÃO MUSICAL

            TALLYS MORENO : DIREÇÃO DE CENA

CARLA DE CONTI : FOTOGRAFIAS

           FILOMENA MANCUZO, MARCÉLLI OLIVEIRA e PAULA GIFFONI : PRODUÇÃO

 


Carol.

 


Paula.

 

A peça está em cartaz desde 2012, com pequenas pausas, entre uma temporada e outra, tendo viajado, em turnês, pelo Brasil, e, agora, está sendo exibida, até o dia 22 de junho, no Teatro Café Pequeno, às 6ªs feiras e sábados, às 20h30min, e, aos domingos, às 19h30min.    

            Recomendo bastante o espetáculo, como simples divertimento e, também, por que não dizer, como um material para uma boa reflexão acerca das relações amorosas e, principalmente, do papel do casamento na sociedade moderna.  Afinal de contas, muitas vezes, é na base da “brincadeira” que as verdades são ditas.

 


Desilusão.

 

 
E agora?
 

 

 
 
Será que vale a pena?
 
 

 



                 

 

                                               O fim do começo ou o começo do fim?

 

 

(FOTOS: DIVULGAÇÃO / PRODUÇÃO DO ESPETÁCULO; CARLA DE CONTI; LORENA LIMA; FÁGINA DO ESPETÁCULO NO FACEBOOK e SITE WWW.TEATROCASORIO.COM)

 


Com Marcélli Oliveira.

 


Com Paula Giffoni.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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