quarta-feira, 15 de outubro de 2014


OS SALTIMBANCOS TRAPALHÕES

– O MUSICAL

 

 

 

 

(SAUDADE NÃO TEM IDADE ou O QUE É BOM É ATEMPORAL.)

 

 

saltimbancos

 

      

Cá estou eu, publicando, mais uma vez, as minhas modestas impressões sobre um espetáculo da dupla MÖLLER & BOTELHO, o 34º trabalho dos dois: OS SALTIMBANCOS TRAPALHÕES – O MUSICAL, em cartaz, na Cidade das Artes, em princípio, até o dia 30 de novembro de 2014.

 

Confesso, humilde e com toda a maior sinceridade, que, talvez, fosse eu o mais cético de todos, com relação a esse projeto, e não fiz segredo disso a ninguém.  Com alguns amigos comuns a pessoas ligadas à montagem, falei, em tom de confidência, da minha preocupação com a ideia de CHARLES e CLÁUDIO levarem esse texto aos palcos, por diversos motivos, que não julgo necessário revelar, mas posso assegurar isto: não, porque o texto não fosse bom; não, porque faltasse a MÖLLER & BOTELHO talento para dirigir mais um grande musical; não, porque achasse o elenco mal escalado; não, porque tivesse a certeza de que CHARLES e CLÁUDIO sempre se cercam dos melhores profissionais para as suas produções; não, porque soubesse que se trata de um clássico, que agrada, há algumas décadas, a crianças e adultos, e sempre agradará; não, por isso, não, por aquilo... 

 

Até hoje, não sei explicar o motivo de tantas dúvidas, mas o fato é que eu tinha, sim, muito receio de que pudesse não vir a dar certo.  Acho que, no fundo, no fundo, era saber que, pela primeira vez, RENATO ARAGÃO estaria pisando um palco, veículo de atuação tão diferente da TV e do cinema.  O tranco é muito mais pesado e difícil no TEATRO.  Em se tratando de um musical, então, nem se fala... 

 

Sim, acho que era isso, o que, absolutamente, não é mais motivo para qualquer preocupação. 

 

Quase aos 80 anos de idade, tendo passado por um sério problema de saúde, no início deste ano, e com mais de cinco décadas de vida artística, o homem domina o palco como um grande veterano e “popotiza” uma plateia de 1200 espectadores, de bebês a vovôs e vovós (talvez, até, bisos e bisas), passando pelos papais e mamães, de tal forma, que é impossível não se chegar às lágrimas.  O homem é um azougue, como dizia minha avó.

 

 


O maestro rege...

 


...seu coral.

 

 

Tendo assistido a cerca de 90% da obra completa da imbatível dupla de encenadores, admirador, confesso, número UM, fã de carteirinha (matrícula 000), amigo dos dois, e atribuindo nota DEZ a 99,9999...% de seus trabalhos, fiquei receoso de que tivesse, um dia, de dizer: não gostei de um musical de CHARLES MÖLLER & CLÁUDIO BOTELHO, embora a dupla, é claro, até tivesse, e tem, o direito de errar.  Por tal motivo, fui armado de muita coragem, para assumir uma possível decepção, para mim mesmo e diante de todos os meus queridos amigos envolvidos no projeto.  Entreguei a Deus e fui...

 

Obrigado, meu DEUS!!!

 

Depois de ter assistido a uma pré-estreia, no sábado, 27 de setembro, e a uma chamada sessão VIP, no dia 7 de outubro, reforcei, ainda mais, se é que isso é possível, o sentimento de que assistir a uma montagem de CHARLES MÖLLER e CLÁUDIO BOTELHO é certeza de sair do teatro com gostinho de “quero mais” e sabendo que vai voltar, para rever e, como eu, rever, rever, rever, rever, rever, rever...

 

Desta vez, M&B investiram na família.  OS SALTIMBANCOS... é um espetáculo para reunir a família, gerações de admiradores do fenômeno OS TRAPALHÕES, que me fizeram dar boas gargalhadas, que preencheram, da forma mais saudável possível, a infância dos meus filhos, hoje na faixa dos 30 aos 40 anos, e, graças a Deus, despertam o interesse do meu neto, de 8 anos, que, ao saber que iria assistir ao espetáculo, pediu à mãe que baixasse, na internet, a versão cinematográfica e assistiu a ela, decorou todas as letras e cantava todas as canções, bem alto, no dia seguinte, na plateia da Cidade das Artes .  Agora, vive ouvindo a trilha sonora no seu iPod.  Ou seja, há uma luz no fundo do túnel para as nossas crianças; há quem ainda prefira OS TRAPALHÕES a esse lixo importado; há que prefira o humor ingênuo, quase “naïf” de RENATO ARAGÃO, ou DIDI, e seus amigos à violência dos enlatados de diversas procedências.

 

 


 

Crédito das fotos: Divulgação / M&B

 

 


 

 

Poderia escrever dezenas de páginas, para falar da minha alegria, agora com a certeza de que o espetáculo já nasceu vitorioso e fará uma bela carreira, mas vou tentar não me alongar muito, se isso for possível.

 

 

FICHA TÉCNICA (comentada):

 

- Um espetáculo de CHARLES MÖLLER & CLÁUDIO BOTELHO: Isso dispensa qualquer comentário.

 

- ELENCO:

 

a) RENATO ARAGÃO (DIDI): O que dizer dele?  Nada, além de GÊNIO.  De acordo com o “release” divulgado pela produção do espetáculo, “o currículo de RENATO ARAGÃO dispensa apresentações.  Um dos artistas mais amados e populares de todo o país, fez história na televisão brasileira – com o fenômeno ‘OS TRAPALHÕES’, em que eternizou o personagem DIDI, ícone da comédia brasileira – e no cinema, recordista de bilheteria em mais de 50 filmes, que marcaram tantas gerações”.  No tempo em que havia grandes cinemas, com salas para até mais de mil espectadores, RENATO e sua trupe eram responsáveis por gigantescas filas para assistir aos seus filmes.  Na TV, os programas de que participava eram líderes de audiência, com muitos pontos à frente do mais próximo concorrente.  Agora, no palco de um teatro, ele continua esbanjando o seu talento e arrancando gargalhadas, com suas piadas e “cacos”, principalmente os que envolvem colegas de cena.  Seu humor é impagável!  E eu me peguei, por diversas vezes, depois de gargalhar com piadas do tempo das cavernas, que já vi e ouvi dezenas de vezes, pensando que aquilo, dito por outra pessoa, não teria a menor graça e até poderia me irritar.  Mas o fato é que tudo o que sai da boca de DIDI MOCÓ SONRISÉLPIO COLESTEROL NOVALGINO MUFUMBO tem um colorido especial.  Só mesmo RENATO ARAGÃO pode dizer certos textos.  Até uma piada que poderia ser considerada homofóbica – assunto tão em evidência – ou “politicamente incorreta” torna-se uma oração, quando vem dele.  É apaixonante e comovente poder aplaudi-lo de pé.  Agora, que ele já parece ter encontrado as “galharufas”, espero que as utilize muitas vezes nos palcos.

 

 

 

  

 

 

b) DEDÉ SANTANA (DEDÉ): Nunca o tinha visto num palco e acho que se sai bem cena, repetindo o que faz em outras mídias.  Eterno companheiro artístico de RENATO ARAGÃO, em todos estes anos, sempre lhe serviu de “escada”, e o termo vai aqui utilizado sem nenhum demérito para o ator, ou para qualquer outro coadjuvante.

 

 

 


 

 

c) ADRIANA GARAMABONE (TIGRANA): Sem a menor sombra de dúvida, é uma das maiores cantrizes do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO.  Presença marcante e constante nos espetáculos de CHARLES e CLÁUDIO, GARAMBONE é uma atriz completa, perfeita, nascida para brilhar em musicais.  Com toda justiça, arranca muitas gargalhadas e aplausos em cena aberta, como também ocorria em Como Vencer na Vida sem Fazer Força, grande sucesso do ano passado.  Não me lembro de nunca tê-la visto em cena com um rendimento inferior a “ótimo!”, no entanto, para ser coerente e sincero em meus comentários, não posso deixar de dizer que não gostei da voz que atriz, de incomensuráveis recursos de interpretação, escolheu (ou que foi escolhida para ela), que é exatamente a mesma com que ela nos deliciou com sua hilária personagem Srta. Hedy La Rue, de Como Vencer na Vida....  Aliás, um ponto em comum entre as duas personagens funciona muito bem nas duas peças: a burrice de ambas, que acaba por produzir “pérolas” ofensivas ao vernáculo.  Isso é muito engraçado e ADRIANA sabe explorar muito bem.  Mas não me conformo com a questão da voz da personagem.  Para quem não assistiu à outra peça, funciona perfeitamente bem, mas para que teve a sorte de aplaudi-la naquele espetáculo...  Confesso que esse detalhe me aborreceu um pouco e, por algumas vezes, fechei os olhos e vi, e, principalmente, ouvi a Srta. Hedy La Rue, ou seja, GARAMBONE, vestindo outro figurino, num visagismo totalmente oposto ao que estava no palco.  Acho que uma voz diferente e compatível com a personagem é um detalhe muito bom, mas a atriz deveria procurar outra, já que recursos para isso não lhe faltam.  ADRIANA GARAMBONE, sou teu fã.   

 

 


 

 

d) ROBERTO GUILHERME (BARÃO): O eterno Sargento Pincel é outra atração do espetáculo.  No dia da pré-estreia, tive certa dificuldade para entender um pouco alguma coisa do seu texto, não sei se por conta de uma rouquidão ou por algum problema de dicção.  Na sessão VIP, entretanto, esse detalhe quase passou despercebido.  É uma outra excelente “escada” de que se utiliza RENATO ARAGÃO.

 

 


Roberto e Renato.

 

 

e) GISELLE PRATES (KARINA): Como a “mocinha” da história, a atriz tem uma boa presença em cena e interpreta, com muita propriedade os solos que lhe cabem.  Não é pequena a responsabilidade de atuar ao lado de um monstro sagrado do entretenimento, como RENATO, e GISELLE dá conta do recado.

 

 


 

 

f) JOÃO GABRIEL VASCONCELLOS (FRANK): O “mocinho” da trama também atua com bastante firmeza e personalidade e, se, para muitas pessoas, o ator não era conhecido, acompanho sua carreira faz tempo e, desde que assisti a um filme protagonizado por ele (Do Começo ao Fim – recomendo; existe em DVD, e eu tenho), passei a admirar mais o seu trabalho.  Além de atuar bem e de cantar satisfatoriamente, JOÃO, como os demais do elenco, fez aulas de atividades circenses, para poder viver um trapezista.  E convence no trapézio.

 

 


 

 

g) TADEU MELLO (CEGO / COISA): Também faz parte da Turma do Didi, na TV.  É um ator que utiliza o seu timbre esganiçado de voz, quando personagem, como vetor para provocar o riso.  E o consegue.  Sua pequena aparição como CEGO, sua única parte séria na peça, é a que, paradoxalmente, mais faz rir, logo que adentra o palco.

 

 


Tadeu Mello.

 

 

h) ADA CHASELIOV (ZORASTRA): Sempre é bom ver ADA em cena, ela que é uma “habitué” dos elencos de musicais com a marca M&B.  Muito boa sua atuação.  Sua personagem é bastante caricatural, mas a atriz sabe dosar a intensidade do ridículo inerente à personagem, para não cair no próprio.

 

 


 

 

i) NICOLA LAMA (ASSIS SATÃ): Já assisti a outros musicais com o ator e, a cada novo, o ítalo-brasileiro se mostra mais brasileiro que ítalo, já dominando bastante o português.  Bom ator, também sabe cantar e dançar, e é muito presente em cena.  Interpreta muito bem um protótipo de vilão, às vezes, até digno de pena, já que sua falta de caráter não supera seu grau de ingenuidade, que o faz ser duplamente enganado, pelo BARÃO e por TIGRANA.

 

 


Assis Satã (Nicola Lama) tentando “popotizar” Didi.

 

 

j) LIVIAN ARAGÃO (ANA / JOÃO): Para seu primeiro trabalho profissional, se não estou equivocado, a jovem atriz consegue se sair bem, principalmente se considerarmos o fato de estar sendo dirigida pelas pessoas que mais entendem de musicais, no Brasil.  Sem querer prejulgar, mas prejulgando, não esperava ver uma boa atuação da moça.  Vi e me agradou o seu trabalho.  Tomara que invista em musicais, pois, com mais estudos e prática, tem tudo para se tornar uma grande atriz desse gênero de espetáculos.  Desejo-lhe muita MERDA!  Não me decepcionou.

 

k) NICOLAS PRATTES (PEDRO) – Quem é esse rapaz?  Não sei.  Não sei nada de sua formação como ator.  Nunca havia assistido a nenhum trabalho seu.  Sei apenas que é um colírio para os olhos das adolescentes e que é “o namoradinho da filha do RENATO ARAGÃO” (a mídia trata de nos alimentar dessas notícias).  Seriam esses os motivos de sua presença no elenco?  Talvez sim, para os maldosos, que não tiveram a oportunidade de ver o jovem, de 19 anos, atuando neste musical.  Faz corretamente tudo o que lhe foi indicado pela direção e pelo coreógrafo, incluindo a preparação para cantar.  Por tudo isso e continuando a investir neste nicho do TEATRO, os musicais, também acredito que venha a se destacar, num futuro próximo, em novas montagens.  Mas não pode deixar de estudar e praticar tudo o que um musical exige.  Também não me decepcionou o rapaz.

 

 


Nicolas e Livian.

 

 

l) MARCEL OCTÁVIO (RUDOLF / NIKOS / DAMIÃO): Como eu gosto de ver o MARCEL em cena!  Bom ator, canta muitíssimo bem e tem uma bela desenvoltura no palco.  Gosto de tudo o que já fez e, neste SALTIMBANCOS, tem uma participação marcante.  Identifico-me muito com ele, por termos feito o mesmo personagem, Woof, no musical Hair: eu, na primeira montagem, na temporada carioca, em 1970 (entreguei a idade), e ele, na versão moderna, de M&B, em 2010.

 

 


 

 

m) CRISTIANA POMPEO (EMMA / TIA NIKOS / TRUPE DO CIRCO): Só a vi como protagonista em um musical, entretanto, não me esqueço de nenhuma personagem dela, porque, embora como coadjuvante, sempre se destaca, como neste espetáculo.  Faz parte da minha lista de cantrizes prediletas.

 

 


 

 

n) ANDREI LAMBERG (ERNST / CAPITÃO BLACK LABEL / COSME): Uma das maiores alegrias que tive, nesta produção, foi ver o nome deste ator no elenco.  Sua brilhante interpretação, com muito talento, em The Book of Mormon, o fenômeno dos musicais deste ano, uma montagem acadêmica, rendeu-lhe um lugar no elenco de OS SALTIMBANCOS TRAPALHÕES.  O rapaz está sabendo agarrar, com unhas e dentes, a oportunidade de trabalhar com M&B.  Tem tudo para se firmar no ramo.

 

 

 


 

 

o) DIEGO LURI (NARRADOR DO PRÓLOGO / PAJÉ / OGRO): De ogro ele entende, e muito, depois que protagonizou Shrek, o Musical, na pele do personagem título.  Muito boa sua participação em todos os papéis que representa em OS SALTIMBANCOS.... 

 

 

 


 

 

p) AUGUSTO ARCANJO (TRIBO AFRICANA / BOB / TRUPE DO CIRCO), CAMILLA MAROTTI (TRIBO AFRICANA / TRUPE DE CIRCO), GABI PORTO (TRIBO AFRICANA / TRUPE DE CIRCO), LAÍS LENCI (TRIBO AFRICANA / TRUPE DE CIRCO) e ZAGO MIRABELLI (TRIBO AFRICANA / TRUPE DE CIRCO) – Todos têm participações menos expressivas no contexto da peça, mas com boas atuações.

 

q) ERIKA HENRIQUES, JESSICA GARDOLIN, JONATAN KARP, KOSTYA BIRIUK, OLAVO ROCHA, PAULINE HACHETTE, RAFAEL ABREU e YULIA SUSLOVA ( todos TRUPE DE CIRCO / ACROBATA): Como são bons naquilo que fazem!  Parece que foram mesmo escolhidos a dedo para dar ao espetáculo o movimento de que ele precisava.  Um circo sem esse octeto é menos circo.  Suas participações enriquecem e engrandecem, sobremaneira, o espetáculo.

 

 


O grupo de artistas circenses.

 

 

- TEXTO: CHARLES MÖLLER, inspirado no conto Os Músicos de Bremen, dos irmãos Grimm, e no filme OS SALTIMBANCOS TRAPALHÕES, de J. B. Tanko, fenômeno de bilheteria, na época, com mais de cinco milhões de espectadores (até hoje, é o oitavo longa nacional de maior bilheteria).

 

- MÚSICAS E LETRAS: SERGIO BARDOTTI e LUIS ENRÍQUES BACALOV, com versão de Chico Buarque de Holanda. – São lindas as canções e estão na boca de todos.

 

- DIREÇÃO MUSICAL e ARRANJOS: MARCELO CASTRO – O trabalho de MARCELO, mais uma vez, em musicais de M&B, é digno de todos os aplausos.  Os arranjos são uma joia: graciosos, delicados, leves, lindos...

- MÚSICOS: MARCELO CASTRO, ANDERSON PEQUENO, MARCIO ROMANO, MATHEUS MORAES, OMAR CAVALHEIRO, WHATSON CARDOZO e ZAIDA VALENTIM. – Ótima a ideia de colocar este naipe de excelentes músicos divididos nas duas laterais do palco, com figurinos especiais, formando uma verdadeira bandinha de circo.

 

- COREOGRAFIA: ALONSO BARROS e CHARLES MÖLLER – Um musical, em sua maior parte, passado num circo não pode abrir mão de muito movimento, o que não falta nas coreografias deste espetáculo.  O mestre ALONSO ainda conta com a luxuosa colaboração de MÖLLER, para levar à cena coreografias lindas, dinâmicas e totalmente incorporadas às cenas que ilustram.  Bravo!

 

- CENÁRIO: ROGÉRIO FALCÃO: Volto a dizer que deveria haver um Museu dos Cenários, para abrigar os trabalhos de ROGÉRIO FALCÃO e sua equipe.  Assim como os cenários de Milton Nascimento – Nada será Como Antes, os que são exibidos em OS SALTIMBANCOS... foram todos pintados a mão, não contam com grandes recursos tecnológicos e são de uma beleza, de uma delicadeza e de um bom gosto, de se tirar o chapéu.  Em cores vibrantes, quentes, o mundo do circo está ali no palco, para o deleite dos nossos olhos.  O programa da peça não faz nenhuma alusão aos três leões, manipulados por pessoas, que são um dos pontos altos do visual deste espetáculo.  Creio que posso atrelá-los à criatividade do cenógrafo.  Se eu estiver enganado, ficam aqui os méritos para quem os idealizou e os confeccionou.

 

- FIGURINOS: LUCIANA BUARQUE: Debutante na equipe M&B, a figurinista foi muito feliz na sua obra.  São muitos e variados os figurinos do espetáculo, todos de muito bom gosto e a serviço de cada personagem e de cada cena.  Além disso, misturam referências de diversas nacionalidades e culturas, o que é típico do universo retratado, o circo, que costuma reunir artistas de etnias as mais diversas possíveis.

 

- DESIGN DE SOM: MARCELO CLARET – Alguém me disse que, apesar da beleza e da grandiosidade de obra arquitetônica, que é a Cidade das Artes, o espaço da Grande Sala oferece algumas dificuldades para os profissionais da área técnica, onde se inclui toda a estrutura de som.  Não sei se procede a informação, mas, a ser verdade, talvez seja o motivo de eu ter encontrado alguns problemas de som, na pré-estreia, o que foi completamente resolvido na segunda vez em que vi o espetáculo, dez dias depois.  Nada que a competência de MARCELO CLARET não possa resolver.

 

- ILUMINAÇÃO: PAULO CESAR MEDEIROS – Ultimamente, quando vou ao teatro, tenho prestado muita atenção à luz.  Cheguei à conclusão de que esse elemento é muito mais importante, numa montagem, do que eu já achava que era.  Uma boa iluminação põe em relevo o que deve e o que não deve ser visto em cena, tudo de positivo e de negativo.  É ela que ajuda a criar os ambientes e a intensidade de cada cena, ajusta e harmoniza todos os elementos num palco, ajuda a criar “climas”.  Muito mais do que eu e de tudo o que acabei de dizer sabe PAULO CÉSAR MEDEIROS, um dos mais premiados iluminadores do TEATRO BRASILEIRO.  Uma vez inserido no projeto, PAULINHO projetou uma luz vibrante e colorida, além de muito variada, para a maioria das cenas, que são envolvidas por um astral positivo, e, quando necessário, minimizou a intensidade de luz, como as cenas pediam.  A luz feita por ele não se sobressai a qualquer outro elemento da montagem, mas se reveste de uma imensa importância no todo do espetáculo.

 

- VISAGISMO: BETO CARRAMANHOS – Mais um excelente trabalho do BETO.  Complementando, em trabalho de parceria com os figurinos, a caracterização dos personagens, soube, como sempre, com recursos múltiplos e muita criatividade, ajudar cada ator na construção do seu personagem.

 

- CASTING: MARCELA ALTBERG.

 

- DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: EDSON BREGOLATO.

 

- PRODUÇÃO EXECUTIVA: EDSON LOPES e ALESSANDRA AZEVEDO.

 

- COORDENAÇÃO ARTÍSTICA: TINA SALLES

 

- DIREÇÃO MUSICAL: CLAUDIO BOTELHO – Não há necessidade de comentários.

 

- DIREÇÃO: CHARLES MÖELLER – Idem.

 

 

 


                              

 

 
SINOPSE:
O foco é na história de DIDI e DEDÉ, dois funcionários humildes, que se tornam a grande atração de um circo, por conta da incrível capacidade de fazer o público rir.  
Nesta adaptação, DIDI recebe, de um CEGO, uma garrafa, encontrada numa praia, que continha um conto dos Irmãos Grimm (Os Músicos de Bremen) e resolve encená-lo como um musical, que vira um fenômeno popular.
O sucesso desperta a ira do BARÃO (ROBERTO GUILHERME), dono do circo, e do mágico ASSIS SATÃ (NICOLA LAMA), que passam a persegui-los.  
Personagens como a vilã TIGRANA (ADRIANA GARAMBONE) e a mocinha KARINA (GISELE PRATTES) ajudam a criar ainda mais confusões. 
Como em toda comédia romântica, não podem faltar pares românticos, aqui representados, respectivamente, pelos personagens KARINA e FRANK, o trapezista (JOÃO GABRIEL VASCONCELLOS) e ANA (LIVIAN ARAGÃO) e PEDRO (NICOLAS PRATTES). 
E, no final, TUDO ACABA EM CIRCO!
 

 

 

 

REVERÊNCIAS...

 

 


...aos músicos;

 

 


à plateia;

 

 


ao MESTRE...

 

 


...com CARINHO.

 

 


E o MESTRE chora, emocionado, a cada sessão.

 

 


 

 

 

Para não fugir à verdade, tenho de fazer apenas um comentário negativo sobre esta montagem, que não chega a comprometer o espetáculo, todavia, se corrigido, ou melhor, alterado, certamente, somaria mais pontos aos já tantos alcançados pela peça.  Refiro-me ao prólogo, muito rápido, que envolve personagens trapaceando e passando para trás, uns aos outros, na disputa do texto perdido dos irmãos Grimm.  Acho que fica um pouco confuso para a compreensão das crianças.  Seria melhor torná-lo mais simples, ao alcance do entendimento dos pequenos.

 

Da primeira vez em que assisti à peça, na pré-estreia, para a segunda, num espaço de dez dias, o espetáculo sofreu cortes, um “enxugamento”, em cerca de uns 10 a 15 minutos, creio, que o tronou mais ágil, bem melhor.

 

Recomendo, para todas as idades, este espetáculo, que é uma superprodução, com 35 pessoas em cena (20 atores, 8 artistas de circo e 7 músicos) e uma grande equipe, que, ao todo, emprega 120 profissionais, entre produção, coreografia, figurino, cenário, técnicos...

 

Uma pirueta, duas piruetas, milhões de piruetas...

 

Um bravo, dois bravos, bilhões de bravos!!!

 

 

 


Na pré-estreia: três gerações dos Bartholo (eu, Flávia e Tomás).

 

 


 Nicola Lama e Charles Möller.

 

 


Cláudio Botelho.

 

 


Thiago Fontim, Raphael Jesus e Cássio Pandolph.

 

 

 

 

(FOTOS: LÉO LADEIRA, RAPHAEL JESUS, ROGÉRIO COELHO e RODRIGO VIANNA.)

 

2 comentários:

  1. Crítica tão linda quanto o mágico espetáculo! Assisti três vezes e vou voltar ♥ É maravilhoso♥

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