sexta-feira, 13 de março de 2015


UM ESTRANHO NO NINHO
 
 
(OU “ESTRANHO” SERIA O NINHO?!)
 
 
 
            Fico, profundamente, triste, quando vejo um espetáculo ruim, porque sei que, por trás daquele resultado, por vezes, até catastrófico, existe toda uma vontade de acertar e o empenho de muitas pessoas, a busca de um sucesso. 
Em compensação, quando assisto a uma peça que me faz arrepiar, compromete a minha capacidade de respiração, por me tirar o fôlego, mexe, ao extremo, com a minha emoção, a ponto de me levar às lágrimas, reforço o meu pensamento de que o artista de TEATRO brasileiro se equipara, em talento, a qualquer outro, de qualquer nacionalidade, e que a determinação, a perseverança e o amor a um ofício são capazes de gerar uma obra de arte da melhor qualidade, como é o caso de UM ESTRANHO NO NINHO, que está em cartaz no teatro do Centro Cultural Justiça Federal, um espaço tão simpático quanto mínimo, com capacidade para apenas 141 espectadores. 
UM ESTRANHO NO NINHO é um espetáculo para uma sala que comporte centenas de pessoas.  Não é difícil entender a relação.
            O projeto foi idealizado por um ator, TATSU CARVALHO, que merece todo o meu respeito e aplauso, pelo empenho e determinação aplicados, para trazer, ao Brasil, esse brilhante texto, de DALE WASSERMAN, o mesmo autor do clássico O Homem de La Mancha (em cartaz em São Paulo), traduzido por RICARDO VENTURA, baseado no livro de Ken Kesey (One Flew Over the Cuckoo's Nest), que, segundo apurei, retrata fatos reais vividos pelo autor.  A peça foi montada, na Broadway, em 1963, e, também, já teve uma versão cinematográfica, dirigida por Milos Forman, vencedora de muitos prêmios, em 1975, estrelada, genialmente, pelo grande ator Jack Nicholson.
            Pode-se dizer que TATSU viveu uma verdadeira “saga”, para conseguir montar o espetáculo.  Apaixonado pela obra e pelo trabalho de Nicholson, o ator não poupou sacrifícios, pessoais e financeiros (“economias de alguns anos”, segundo o próprio), para adquirir os direitos de montagem da peça no Brasil, o que lhe custou muito caro. 
Feita a compra, achou ele que conseguiria ganhar algum edital, ser agraciado com algum fomento, que propiciasse a montagem da peça, porém não foi bem sucedido.  Buscou, insistentemente, patrocínios, que viabilizassem o seu projeto, contudo não logrou êxito.  Por duas vezes, teve de recorrer à renovação do direito de montagem do texto.  Vendo que o prazo para a utilização dos direitos adquiridos estava quase vencendo, jogou-se, de cabeça, por inteiro, nessa empreitada, sem qualquer patrocínio, utilizando apenas recursos financeiros próprios.  Só por isso, BRAVO!
 
 
 
Uma festinha...  perder a virgindade...  Grande trabalho de Vitor Thiré.
 
 
            Convidou atores e técnicos, todos amigos, e organizou sessões de leitura dramatizada da peça, com o objetivo de sensibilizá-los, para, juntos, toparem um grande desafio.  Não houve um que não se apaixonasse pelo projeto e, logo, todos se envolveram nele, sabendo que só ganhariam, como remuneração pelo trabalho, o produto da bilheteria, o que equivale dizer “quase nada”.  Uma verdadeira ação entre amigos.
            Foi assim que, de todos os que fizeram parte das leituras, foram escolhidos 15, todos muitíssimo talentosos, com os quais TATSU já havia trabalhado anteriormente, e começou o mutirão.  Como diz TATSU, “Teatro se faz na coxia”.
            A equipe técnica foi convidada pelo diretor do espetáculo, BRUCE GOMLEVSKY, nas mesmas condições do elenco.
            Alguns amigos ajudaram, como podiam, durante os ensaios, levando, de suas casas, lanches e objetos pessoais (rádio, ventilador, lençol...), para auxiliar na composição do cenário e dos elementos de cena.
            O Centro Cultural Justiça Federal, na pessoa do responsável pelas pautas, Sérgio Mota, também acreditou no projeto, cedeu o espaço e ainda contribuiu com a confecção dos programas e cartazes da peça, uma colaboração mais que valiosa.
Se tanta gente série se jogou, de corpo e alma, nesse projeto, é óbvio que méritos ele tinha.  Aliás, TEM, e muitos.
 
 
 
A opressão e a pressão.
 
 
            Creio que todos devem imaginar o quanto é dispendioso o gasto com a construção de cenário, a confecção de figurinos, a compra de objetos de cena, o aluguel de espaço para ensaios...  Tudo isso correu às expensas de uma só pessoa: TATSU CARVALHO.  Tudo por um ideal, tudo por amor e dedicação a um ofício, tudo pelo TEATRO.
            TATSU sabe que, dificilmente, conseguirá cobrir o seu custo financeiro, ter o retorno do que investiu, mas, segundo ele, tudo o que fez valeu a pena, está valendo e valerá, para sempre, pelo reforço dos laços afetivos com todos os que se aproximaram dele, para erguer um só troféu, e pelos resultados já obtidos, de público e de crítica, com a peça, em tão pouco tempo em cartaz.
 
BRAVO!  BRAVO!  BRAVO!!!
 
 
           
 
 
SINOPSE:
 
RANDLE PATRICK McMURPHY (TATSU CARVALHO) é um prisioneiro, condenado por estupro a uma menina de quinze anos, o qual simula estar insano, para se livrar dos forçados trabalhos pesados na cadeia, e é internado numa instituição judicial, para doentes mentais.
Convicto de que a opressão é o pior inimigo dos pacientes, o “estranho no ninho” questiona e confronta, permanentemente, o sistema ao qual os pacientes são submetidos ali e, com seu forte poder persuasivo e carisma, estimula os internos a se revoltarem contra as rígidas normas impostas pela cruel e sádica enfermeira-chefe RATCHED (HELENA VARVAKI), pouco sensível e determinada a manter a ordem, de qualquer forma.
R.P. McMURPHY, porém, não tem ideia do preço que iria pagar, por desafiar o sistema de uma clínica “especializada em recuperar doentes mentais”.  Não imagina ele o que aquela subversão coletiva poderia lhe custar. 
 
 
 
 

            É uma gama enorme de conflitos e valores que, de forma muito clara, e definitiva, o autor do texto discute, durante a trama, tais como o exagerado peso das regras e doutrinas, ditadas pela “razão, leis ou consciência” de uma sociedade, dita organizada e “justa”, sobre as cabeças dos mais fracos, oprimidos, excluídos desse sistema, ao quais tentam lutar, de forma inglória, contra os limites e humilhações a que são submetidos.
            Pode parecer, a princípio, que a peça trata da oposição entre o que seja considerado sanidade e loucura, delírio e lucidez, entretanto o que está em xeque, na verdade, é muito mais do que isso; é a oposição entre a liberdade e a falta dela, o aprisionamento do ser humano, externa e internamente, um sistema de controle e a luta pela autonomia, independência, emancipação.  Não há diferença entre se livrar de uma cadeia ou de um manicômio judicial.  A sensação de falta de liberdade independe do espaço físico.  É mais uma questão da alma que do corpo.  O que mais aflige o ser humano é a falta de liberdade interior.  É como não estar sozinho, mas se sentir solitário.
É contra o abuso de poder e a falta de humanização como são tratados os frágeis internos que se rebela R.P. McMURPHY; contra a desordem em relação à rigidez do cumprimento das regras, muitas vezes, até, totalmente injustificadas e arbitrárias ao extremo.
O texto pode ser considerado um canto, um preito à liberdade humana e um grito de alerta à não aceitação de um pensamento que torna o ser humano escravo do meio que o cerca.
Concordo, plenamente, com o diretor do espetáculo, BRUCE GOMLEVSKY, quando diz que “o texto é atemporal, muito bem estruturado, e com personagens riquíssimos”.
            Já que estamos falando em BRUCE, está na hora de dizer que, depois de suas duas ultimas assinaturas, como diretor, muito aquém de sua competência e talento, o espectador, que acompanha e admira seu trabalho, como eu, consegue ver, no palco do CCJF, um excelente trabalho do mesmo premiado diretor de tantos sucessos, como Aos Domingos;  Festa de Família (indicada ao Prêmio Shell, de Melhor Direção); O Funeral (indicado ao Prêmio Shell, de Melhor Direção, e ao Prêmio Cesgranrio, de Melhor Espetáculo); A Volta ao Lar; O Homem Travesseiro, a grande vencedora do 7º Prêmio da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR); nas categorias de Melhor Espetáculo e Melhor Direção; e Blackbird.  Ali está o trabalho do BRUCE que eu conheço, admiro e aplaudo, com muito prazer.
            Lidar com pessoas é complicado; lidar com atores é mais ainda; lidar com 16 atores é muito mais ainda.  Administrar egos, conhecer, profundamente, o arquétipo de cada personagem e colocá-los interagindo, sabendo como e o momento de pôr em destaque esta ou aquela característica de cada um, conter os excessos de emoção, os exageros nas elocuções, dispor todos em cena, num espaço cênico muito limitado é tarefa difícil de ser administrada.  Disso tudo, um diretor talentoso, como BRUCE, consegue dar conta, gerando, como produto final, um espetáculo digno de prêmios.  Quando assistir à peça, repare bem que, mesmo fora da ação, os personagens “atuam”, no seu silêncio gritante.  É mérito dos atores e, principalmente, da direção.
 
 
 
Diferentes posturas: a do dominador (a enfermeira-chefe) e a do dominado (o funcionário do manicômio).
 
 
            Quanto ao elenco, homogêneo, em atuações que variam do “bom” ao “excelente”, cujo protagonismo é defendido por TATSU CARVALHO e HELENA VARVAKI, aqui vão algumas observações:
 
 
 
um estranho no ninho 1 - felipe diniz
“Assistindo” ao jogo.
 
 
1) TATSU CARVALHO (R.P. McMURPHY): Merece destaque a coragem do ator, ao protagonizar um personagem tão rico, difícil de ser interpretado, já consagrado, no cinema, pelo gênio de Jack Nicholson.  É claro que, ao assumir esse “atrevimento”, ele sabia que poderia ser alvo de comparações, o que, absolutamente, não se justifica, não faz o menor sentido, por serem, inclusive, canais diferentes, o cinema e o TEATRO.
            O personagem é cínico, debochado, amoral, desafiador...  Utiliza as fragilidades de seus pares, para se fortalecer e tentar alcançar seus propósitos, mas, ao mesmo tempo, mostra-se agregador.  Muito carismático, ele se apresenta, de início, com um aspecto de superioridade, diante de um ambiente composto por “farrapos humanos”, entretanto sucumbe, ao perceber que pode ser transformado em mais um deles e ao ver a sua impossibilidade de suplantar as limitações impostas pelo sistema, depois de muitos  murros em ponta de faca, acabando por ser levado ao desespero, quando lhe vem a constatação de que não detém os poderes e a força que supunha ter, indo à derrota final.
“Quando ele chega à clínica, acha que está ‘dando uma volta’ no sistema, mas, depois, vê que não é bem assim” - diz o ator que interpreta o protagonista.  “Lá, ele precisa lutar contra regras insanas, ditadas por uma enfermeira (HELENA VARVAKI).  Há um embate constante contra o aprisionamento, tanto físico quanto mental.  No fim, acho que o grande dilema que ele enfrenta é o de tentar viver a seu modo, sem regras, e mostrar que isso é possível, que devemos sempre questionar os sistemas de controle” - completa.
Chega ao auge de sua revolta numa cena em que tenta matar, por estrangulamento, a adversária, no que é contido pelos funcionários do manicômio.
            É muito boa a interpretação do ator, considerando-se o grau de dificuldade que ela exige e por ser, salvo engano, seu primeiro protagonista.  Precisa, sim, ainda, de um tempo para incorporar melhor o personagem, o que, certamente, lhe dará mais oportunidade de explorar certos meandros da personalidade do falso enfermo.  Isso vem com a experiência adquirida, sessão após sessão.  Parabéns, pela atuação!
 
 
 
Cena de um dos embates entre os protagonistas.
(É estranho falar de “oposição entre protagonistas”, não é?  Aqui, é possível; e há.)
 
 
2) HELENA VARVAKI (ENFERMEIRA RATCHED): é uma tarimbada atriz, que, mais uma vez, se comporta, em cena, com classe e domínio de sua personagem.  Ela é o   principal elemento de confronto de McMURPHY, a “pedra no seu sapato”.  Trata-se de uma mulher metódica, disciplinada, fria, sádica, controladora, opressora, presa a seus princípios rígidos de disciplina e que controla a instituição com punhos de ferro.  É ela quem julga, quem decide, quem aplica as sanções, quem dá as cartas.  É o juiz e o carrasco, ao mesmo tempo.  Funciona ao sabor de seus humores, quase sempre os mais azedos.  Os funcionários sempre concordam com ela.  Por que será?
 
 
 
Helena Varvaki.
 
 
 
Uma “estranha no ninho”?
 
 
 
3) CHARLES ASEVEDO (CHEFE BROMDEN) é um dos destaques, dentre os coadjuvantes.  É um chefe indígena, que parece viver num mundo próprio, completamente alheio a tudo que o rodeia, num quase estado de catatonia, e que, vez por outra, embora se passe, perante os outros, como surdo-mudo, “conversa” com seu pai, sempre no proscênio, o que não deixa de despertar a curiosidade do espectador.  Quase ao final do espetáculo, o mistério dessas “conversas” é esclarecido.  Nesses momentos de distanciamento da ação, é possível perceber, e admirar, a força da interpretação do ator, que também “fala” muito, por meio do seu silêncio e pela expressão do olhar.  Excelente trabalho! 
 
 
 
Tatsu Carvalho e Charles Asevedo.
 
 
 
4) FELIPE MARTINS (DALE HARDING): Fazia tempo que não o via em cena, mas retorna com uma força incrível, interpretando um homem frágil, de passado meio nebuloso, muito cordato e, aparentemente, um dos mais próximos da “cura”.  Era o “chefe do conselho dos pacientes”.  De forma ponderada e tranquila, tenta sempre entender as intenções do protagonista, conter-lhe os impulsos e contornar os embates.  Sua fragilidade externa é o retrato do seu interior.  Desde o início da trama, passa a impressão de ser homossexual, o que não fica bem claro, mas é sugerido por várias vezes.  Constantemente, defende a enfermeira-chefe, talvez como uma estratégia para angariar sua simpatia e uma consequente proteção.  Também é excelente o trabalho do ator.
 
 
 
Felipe Martins.
 
 
5) HENRIQUE GOTTARDO (AUXILIAR TURKLE) Tem uma participação limitada o seu personagem, que o ator interpreta dignamente.  É o personagem que se deixa corromper por McMURPHY, liberando, às ocultas, o espaço do manicômio, para uma festinha, em troca de bebida.  Acaba por, também, participar dela.
 
6) HYLKA MARIA (CANDY STAR):  Outra coadjuvante de participação curta na trama (só aparece no segundo ato), porém bastante correta.  É uma prostituta, amiga do protagonista, convidada para a festinha, com a tarefa de tirar a virgindade de BILLY BIBBIT, o mais jovem de todos os internos.
 
7) ISAAC BARDAVID (DR. SPIVEY): O veterano ator, de mais de 80 anos, muitos dos quais de relevantes serviços prestados ao TEATRO BRASILEIRO, é o médico chefe, o diretor da instituição, que se mostra entediado com seus longos anos dedicados àquela tarefa, o que faz dele uma pessoa alheia a tudo o que acontece naquele lugar.  O poder que sua função lhe poderia conceder ele o transfere à ENFERMEIRA RATCHED.  Aceita todos os seus métodos de “tratamento” e confia totalmente na “eficiência de sua “comandada”. 
 
8) JÚNIOR PRATA (RUCLEY): Fiquei extremamente fascinado pelo trabalho deste ator.  Seu personagem, praticamente, não tem texto (falado), mas é dono de um “texto mudo”, que lhe dá a oportunidade de demonstrar um grande potencial interpretativo.  Lobotomizado, praticamente um morto-vivo, passa todo o tempo da peça calado, porém se expressando com um vigor enorme, pelos cantos do palco, fora da cena, desenvolvendo uma comunicação com a plateia, por meio de gestos e reações esquizofrênicas, ou algo parecido (não sou técnico no assunto).  Por diversas vezes, deixei de me fixar nos atores que estavam sob o foco dos refletores, para prestar atenção ao trabalho de JÚNIOR.  Passa boa parte da peça no fundo do cenário, com os braços abertos, como se estivesse crucificado e, algumas vezes, do nada, sai-se com uma única frase: “FODAM-SE TODOS ELES!”.  O “eles” fica para cada espectador identificar.  Aplaudo de pé o artista.
 
9) LORENA SÁ RIBEIRO (ENFERMEIRA FLINN): Pouco se tem a dizer sobre a personagem; quanto à atriz, apenas atestar que faz um trabalho satisfatório.
 
10) MARCELO MORATO (CHARLES CHESWICK): Outro grande destaque do elenco coadjuvante.  Personagem tão interessante quanto o trabalho executado pelo ator.  Seu texto é recheado de um humor, por vezes, cáustico e, em outros momentos, apenas  irônico.  Destaco, dentre tantas de suas boas cenas, aquela em que ele tenta forçar HARDING a se confessar “gay”.  Ótima a atuação de MARCELO.
 
 
 
Marcelo Morato.
 
 
 
Cheswick (a Harding): “Não seria mais fácil assumir logo que é veado”?
 
 
11) RAFAEL OLIVEIRA (AUXILIAR WILLIAMS): Outro funcionário do nosocômio.  Personagem bastante secundário, mas, nem por isso deixa de ser interpretado corretamente pelo ator.
 
12) RICARDO LOPES (AUXILIAR WARREN): Também é um dos funcionários do manicômio, encarregado de operar a máquina que aplica eletrochoques nos pacientes mais exaltados, prática, hoje, vista como ineficaz, torturante e desumana, no tratamento de enfermidades da mente.  Trabalho discreto e correto do ator.
 
13) RICARDO VENTURA (SCANLON): Muitos aplausos para o ator, que, de forma brilhante, faz um personagem duplamente “prejudicado”, pois, não bastassem os seus problemas de ordem mental, é deformado, fisicamente, o que também compromete a fala do personagem.  Certamente, um dos mais difíceis papéis a serem representados na trama e que requer um esforço sobre-humano do ator.  Podem reparar, atentamente, nele, durante todo o espetáculo, e verão que mantém a mesma postura torta, nos mínimos detalhes, que atingem até os dedos.  Um trabalho primoroso de composição de personagem.
 
 
 
O diretor do hospital, cercado pelos pacientes.
 
 
 
Duas excelentes atuações.
 
 
14) TATIANA MUNIZ (SANDRA): A personagem é uma prostituta, que aparece na festinha, organizada pelo protagonista, para “alegrar um pouco a vida dos rapazes”.  Papel de pouca relevância, feito ,com correção, pela atriz.
 
15) VITOR THIRÉ (BILLY BIBBIT): Trata-se de uma das melhores revelações de ator dos últimos tempos.  Já o vi em outros papéis, mas, como o jovem virgem e gago, totalmente introspectivo e ingênuo, temente, de forma exagerada, à mãe, é o que mais se deixa levar pelas artimanhas de McMURPHY e o que mais sofre, nas mãos da ENFERMEIRA RATCHED.  Está excelente no palco.  Todas as cenas de que participa se revestem de algo “especial”, que me custa descrever.  É muito bom vê-lo atuar, é muito bom saber que um descendente – bisneto - de uma das maiores damas do TEATRO BRASILEIRO, a sempre eterna diva, Tônia Carrero, dá continuidade ao trabalho da família, já na quarta geração.  VITOR tem uma força interior de dimensões gigantescas e a aplica em seu personagem.  A escalação do jovem ator para o difícil papel de BILLY foi um grande acerto de TATSU e BRUCE.  Aplaudo de pé!
 
 
 
Vítor e Tatsu: os planos deste, para que aquele deixe de ser virgem.
 
 
 
E os planos continuam...
 
 
 
16) ZÉ GUILHERME GUIMARÃES (MARTINI): O louco de imaginação fértil, o  que vê coisas que não existem e vive num mundo totalmente à parte, completamente fora da realidade, o que, de certa forma, ameniza o sofrimento naquele “inferno”.  Seus tiques nervosos, com os dedos, são marcantes no personagem.  Muito boa a atuação do ator.
 
 
 
Tatsu Carvalho, Zé Guilherme Guimarães e Felipe Martins.
 
        
Para encerrar estas minhas emocionadas (até agora) considerações sobre o espetáculo, devo acrescentar que adorei o cenário, de PATI FAEDO, o qual reproduz, nos mínimos detalhes, o ambiente de uma enfermaria de um manicômio judicial, utilizando uma interessante mistura de materiais e com o grande mérito de ter sido montado num espaço mínino do palco do CCJF, por onde ainda circulam muitas pessoas.  Parabéns a mais um dos trabalhos acertados dessa competente profissional.
 
 
 
Atores em cena e panorâmica do cenário, em dois níveis.
 
 
Também são muito corretos os simples, porém adequados, figurinos, criados por ALESSANDRA PADILHA e JERRY RODRIGUES.  Apenas um detalhe, de todas as peças vestidas pelos atores, me desagradou, que é o figurino do personagem DR. SPIVEY.  Dá a impressão de que havia sido confeccionado para um outro ator, de dimensões corporais diferentes das de ISAAC BARDAVID, parecendo ter sido adaptado a este.  Destoa de todos os demais figurinos.  Nada, porém, que comprometa a qualidade do trabalho, no geral.
Quanto à iluminação, de ELISA TANDETA, nada além de boa, como, em geral, são os trabalhos assinados por ela.   
            Ainda há de se destacar a boa trilha sonora original, a cargo de MAURO BERMAN, e o visagismo de UIRANDE HOLANDA.
 
 
 
O jogo é proibido no recinto.  Mas vai dizer isso a McMurphy?
 
 
 
 
 
 
FICHA TÉCNICA:
 
Elenco (por ordem alfabética):
 
Charles Asevedo (Chefe Bromden)
Felipe Martins (Dale Harding)
Helena Varvaki (Enfermeira Ratched)
Henrique Gottardo (Auxiliar Turkle)
Hylka Maria (Candy Starr)
Isaac Bardavid (Dr. Spivey)
Júnior Prata (Ruckley)
Lorena Sá Ribeiro (Enfermeira Flinn)
Marcelo Morato (Cheswick)
Rafael Oliveira (Auxiliar Williams)
Ricardo Lopes (Auxiliar Warren)
Ricardo Ventura (Scanlon)
Tatiana Muniz (Sandra)
Tatsu Carvalho (R.P. McMurphy)
Vitor Thiré (Billy Bibbit)
Zé Guilherme Guimarães (Martini)
 
Texto: Dale Wasserman
Tradução: Ricardo Ventura
Direção: Bruce Gomlevsky
Assistente de Direção: Lorena Sá Ribeiro
Direção de Produção: Rafael Fleury e Tatsu Carvalho
Cenário: Pati Faedo
Iluminação: Elisa Tandeta
Técnico de Luz: Rafael Tonoli
Figurinos: Alessandra Padilha e Jerry Rodrigues
Visagismo: Uirande Holanda
Trilha Sonora Original: Mauro Berman
Programação Visual: Ana Andreiolo
Fotografia: Felipe Diniz e Ricardo Brajterman
Assistente de Produção e Camareira: Fernanda Moura
Assessoria de Imprensa: Lu Nabuco Assessoria em Comunicação
Coordenação de Projeto: Midday Produções Artísticas e Culturais
 
 
 
 
 
 
A imagem diz tudo.
 
 
 
É extremamente gratificante ver, nos dias de hoje, de recessão e de tantas opções midiáticas, 16 atores em cena, com o suporte de cerca de duas dezenas de outros profissionais, trabalhando, juntos e com  muita garra, para nos deliciar com uma produção que considero de excelentíssimo nível e que marcará o ano teatral carioca de 2015.
 
Recomendo o espetáculo, com o maior empenho, e estou ávido para que chegue a oportunidade de revê-lo.
 
Parabéns a todos os envolvidos no projeto!
 
Obrigado, deuses do TEATRO, por UM ESTRANHO NO NINHO!
 
 
 
 
SERVIÇO:
 
Temporada: de 01 de março a 3 de maio de 2015

Horário: sextas-feiras, sábados e domingos, às 19h

Local: Centro Cultural Justiça Federal (avenida Rio Branco, 241 – metrô Cinelândia)

Gênero: Drama

Duração: 130 minutos

Classificação Etária: 14 anos
 
 
 
 
 
(FOTOS: FELIPE DINIZ e
RICARDO BRAJTERMAN.)

Um comentário:

  1. A peça é incrível e sua resenha sensacional😀
    Um prazer enorme assistir ao espetáculo e posteriormente poder relembra-lo nos mínimos detalhes, através da sua resenha!
    Parabéns duplo😍

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