sexta-feira, 8 de maio de 2015


MAS POR QUÊ??!:  A HISTÓRIA DE ELVIS

 

 

(DA ARTE DE CONVIVER COM A PERDA.)

 



 

 

            Por pura falta de tempo, não tenho o hábito de escrever sobre TEATRO INFANTIL, embora o adore e ache um nicho cultural muito importante para a formação de um indivíduo.  Sempre que posso, ou sou convidado, prestigio as peças das tardes de sábados e domingos, principalmente as dos amigos.

Uma coisa é certa: toda vez que, na ficha técnica de um espetáculo infantil, houver, da forma que for, os nomes de PABLO SANÁBIO e FELIPE LIMA, jamais deixarei de assistir a ele, pois a possibilidade de não encontrar um excelente espetáculo é a mesma de me tornar milionário, na dependência de acertar na Mega-Sena.

O mais recente investimento da dupla, na área dos infantis, é MAS POR QUÊ??!:  A HISTÓRIA DE ELVIS, em cartaz, até 30 de maio, no Theatro NET Rio, aos sábados, às 15h30min, e domingos, às 16h.

Sempre muito cuidadosos em suas produções (O Menino que Vendia Palavras e Fonchito e a Lua, por exemplo, que o digam), PABLO, desta vez, apenas o idealizador do projeto, e FELIPE, este, agora, contando, também, com MARIANA SERRÃO, na produção, investiram numa adaptação, feita por RAFAEL GOMES e VINÍCIUS CALDERONI, para o livro ilustrado de PETER SCHÖSSOW, que traz o mesmo título da peça, dirigida por RENATO LINHARES.

 

 

 


O elenco.

 

 

O texto gira em torno da temática da “perda”, inevitável e sempre presente na vida de todos, e com a qual não sabemos lidar; ou, no mínimo, temos muita dificuldade de aceitar.  Principalmente a maior de todas as perdas: a morte, não só de um ente querido, de um familiar, de um amigo; pode ser, até, a morte de um animal de estimação.  Basta que haja um profundo laço afetivo entre dois seres, que a partida de um representa uma meia-morte do outro. 

O que fica sempre se sente menor, mais fraco, desamparado, sem chão.  Até que o tempo, que tudo cura, possa, paulatinamente, ir ajudando na recomposição de uma vida, a partir dos pedacinhos que ficaram espalhados pelo chão. 

A sorte, ou o que nos consola, é saber que tudo, na vida, tem dois lados: o positivo e o negativo.  E aí se aplica o dito popular que nos ensina a fazer uma limonada (BOM, doce) quando a vida nos oferece um limão (RUIM, o azedo).

 

 

 


Marcel Octavio, Letícia Colin, Simone Mazzer e Júlia Gorman.

 

 

De acordo com o “release” (adaptado), enviado pela assessoria de imprensa, o espetáculo conta a história de CECÍLIA (LETÍCIA COLIN), uma menina que está inconformada com a morte do seu canário belga, presente do avô, e ao qual decide chamar de ELVIS, em homenagem ao Rei do Rock: “O nome dele vai ser Elvis, porque ele vai cantar tão bonito quanto o Elvis Presley, vovô”.

Na tentativa de achar respostas para suas perguntas, a heroína aprenderá a superar a dor da perda, numa viagem fantástica pelo próprio inconsciente.

Nessa trajetória, irá atravessar os recantos mais divertidos e delirantes de suas lembranças.

 

 

 

 
 
SINOPSE:
 
Em cena, CECÍLIA (LETÍCIA COLIN) aparece, arrastando uma mala gigante e pesada, que tem o dobro do seu tamanho.  Ela está revoltada com a morte do seu passarinho, o ELVIS, e, sem conseguir entender a tristeza causado pela perda, grita, repetidamente: “MAS POR QUÊ?!!”, pergunta que sempre fazemos diante de tal situação, embora já saibamos, lá no fundo, a resposta.
É nesse lugar etéreo que a menina redescobre quatro amigos que estavam perdidos em suas memórias, escondidos dentro de sua cabeça.
Entre os personagens, estão: GILDA (JÚLIA GORMAN), avó da menina, uma figura saída de um porta-retrato antigo e que não tem memória; SEBASTIÃO (MARCEL OCTAVIO), um vilão de filme de pirata, que sonha em ser engraçado; MAX (PEDRO LIMA), um urso de pelúcia gigante, que foi esquecido no caminhão de mudança; e LILI (SIMONE MAZZER), amiga imaginária, que está sempre presente, mas, um dia, ficou invisível, até mesmo para a própria CECÍLIA.
Esses quatros amigos, tão diferentes entre si, vão ajudar a menina a lidar com a perda e a saudade.
 

 

 

 

Conseguir lidar com a perda não é fácil em nenhuma idade.  

Será que existe alguma fórmula mágica, que nos permite aceitar a morte, com leveza e tranquilidade, sem tanto sofrimento?  

Para onde vão as coisas que perdemos?  

É possível viajar, para dentro da própria cabeça, em busca de respostas?

 

 

 


Júlia, Letícia e Pedro Lima.

 

 

A adaptação da obra de SCHÖSSOW, feita por RAFAEL e VINÍCIUS, é primorosa.  Não se trata de um texto “água-com-açúcar”, de muito fácil assimilação, para os menores; mas também não é nada de impossível alcance.  É óbvio que os adultos irão perceber, mais facilmente, as mensagens que estão por trás das falas dos personagens, algumas de uma beleza ímpar.  De qualquer forma, o público infantil consegue acompanhar o texto e, consequentemente, atingir o que ele quer dizer, no geral. 

Confesso que, tendo visto, antes do início da sessão, muitas crianças bem pequenas, correndo pelas dependências do NET (Se não o fizessem, não seriam crianças.), logo após o início da peça, pensei que não fossem gostar dela.  Um pouco depois, notando o silêncio que tomava conta da sala, dei uma rápida olhada para os lados e para trás e o que vi foram carinhas curiosas e extasiadas, de olhar fixo, e atento, no palco.  Isso, também, por conta da fantástica plasticidade do espetáculo, somatório de luzes, cores, cenários e figurinos, sobre os quais falarei adiante. 

Felizmente, os textos infantis de hoje, a maioria, não tratam a criança como acéfalas.  Uma criança de hoje não é a que eu fui; não é a criança que meus filhos foram.  Têm um vocabulário amplo, armazenam informações num potencial absurdamente grande.  Então, que sejam tratadas como seres pensantes!

 

É muito boa a direção de RENATO LINHARES, atento aos detalhes que devem ser valorizados, numa produção voltada para o publico infantil, fugindo aos clichês que estamos acostumados a ver.

 

 

 


Marcel e Letícia.

 

 

Sendo uma adaptação para teatro musical, há, evidentemente, uma trilha sonora, excelente, por sinal, composta somente por sucessos do repertório do grande astro pop da canção americana,  Elvis Presley, já falecido, executada pelos próprios atores, em cena.  São  oito clássicos: Tutti Frutti, A Little Less Conversation, Hound Dog, Blue Suede Shoes, Can’t Help Falling In Love, Always On My Mind, Bridge Over Troubled Water e Love Me Tender.  As letras não sofreram tradução e, muito ao contrário do que se possa pensar, elas “traduzem a sensação e a emoção da cena”, na opinião de PABLO SANÁBIO, com a qual concordo plenamente.  A ótima direção  musical e a preparação vocal são de FELIPE HABIB.

 

Lindo e aconchegante, a despeito da razoável dimensão do palco do Theatro NET Rio, é o cenário criativo, de BIA JUNQUEIRA, construído com papelão, papéis e plásticos.  “É um espaço abstrato, que tanto pode ser um parque quanto a cabeça da protagonista”.  É valorizado, como os demais elementos físicos da peça, pela ótima iluminação de LUIZ PAULO NENEN.

 

Bonitos e originais são os figurinos lúdicos de LUCIANA BUARQUE, que, complementados pelo adequado visagismo, de GRAÇA TORRES, conferem aos personagens graça (sem nenhuma intenção de trocadilho) e leveza.

 

 

 


Letícia (Cecília) Colin.

 

 

 

Um espetáculo da grandeza deste ELVIS não se faz só com um bom texto e ótimos atores; todos os demais profissionais têm de pertencer a uma elite, como os já citados, além dos outros.  Uma produção em que estejam envolvidos PABLO SANÁBIO e FELIPE LIMA sempre consegue se cercar dos melhores profissionais, para atingir os resultados positivos, sempre alcançados.

 

Deixei para o final os comentários sobre o elenco.  É formado por consagrados profissionais do ramo e que, mais uma vez, comprovam seus talentos em musicais.

Todos os atores são, também, ótimos cantores e tocam variados instrumentos musicais, durante todo o espetáculo: piano, acordeom, saxofone, violão, guitarra, baixo, ukulele, bateria e castanholas, em revezamento.

 


Atuando, cantando e tocando.

 

 

 

LETÍCIA COLIN é CECÍLIA, a protagonista, da qual já falei acima.  Só falta acrescentar o que não é nenhuma novidade: está perfeita em cena.  Linda, como sempre, afinada, dona de uma bela voz, utiliza seu forte carisma para angariar a simpatia e a cumplicidade do público.

 

 

 


Letícia, atuando...

 


...e dando atenção aos fãs mirins.

 

 

 

Completam o elenco, com igual aproveitamento, cada um sabendo explorar, na mais elevada potência, seus momentos de solo, JÚLIA GORMAN, MARCEL OCTAVIO, PEDRO LIMA e SIMONE MAZZER. 

Como é bom ver todos eles em cena! 

Como é gratificante rever SIMONE, atuando, ela que, faz um bom tempo, vem se dedicando à carreira de cantora!  Como uma excelente “cantriz’, não pode nos privar de vê-la representando.

Como é ótimo ouvir o vozeirão do Pedro, gigantesco como seu porte físico!

Como são agradáveis a voz da Júlia e sua maneira de cantar!

Como é marcante a presença cênica do Marcel!

 

 

 


Pensando...

 

 

 

 


FICHA TÉCNICA:
 
Baseado no livro ilustrado de Peter Schössow
Texto: Rafael Gomes e Vinícius Calderoni
Direção Renato Linhares
Elenco: Letícia Colin, Júlia Gorman, Marcel Octavio, Pedro Lima e Simone Mazzer
Idealização: Felipe Lima e Pablo Sanábio
Produção: Felipe Lima e Mariana Serrão
Direção Musical / Preparação Vocal: Felipe Habib
Iluminação: Luiz Paulo Nenen
Cenografia: Bia Junqueira
Figurino: Luciana Buarque
Realização: Sevenx Produções Artísticas e A Coisa Toda Produções
 







Pablo Sanábio (idealizador), Mariana Serrão e Felipe Lima (produtores).

 

 

 

 

 
SERVIÇO:
 
 
Local: Theatro NET Rio (Rua Siqueira Campos, 143, Copacabana – Rio de
Janeiro. 
Informações: (21) 2547-8060.
Temporada: Até 31 de maio de 2015. 
Horários: Sábado, às 15h30min.  Domingo, às 16h.
Capacidade: 644 lugares.
Valor:
R$80,00 / R$40,00 (plateia e frisas) e R$60,00 / R$30,00 (balcão)
Funcionamento da Bilheteria: De segunda-feira a domingo, das 10h às 22h.
Classificação: Livre.
Duração: 60 minutos.
Vendas pelo site:
www.theatronetrio.com.br e www.ingressorapido.com.br
 

 

 

 

            Considero este espetáculo um verdadeiro poema, uma ode à vida (Prestem atenção à cena final!), apesar da dor de uma perda, e o recomendo a pais e filhos, para que possam, depois, conversar sobre o tema e, juntos (Quem sabe?) tirar conclusões sobre a expressão latina “Carpe diem!” (“Aproveite o dia!”).

 

 

Atenção! 

Assim que encerrar a temporada carioca, o espetáculo estreará em São Paulo, no recém-inaugurado Teatro Porto Seguro, no dia 6 de junho. 

Para os amigos daquela capital, eis o serviço:

 

 

 

 

 
ESTREIA NO DIA 06 DE JUNHO, NO TEATRO PORTO SEGURO (São Paulo)
 
 
MAS POR QUÊ??! – A HISTÓRIA DE ELVIS
 
Teatro Porto Seguro 
Alameda Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elísios – São Paulo
Ingressos: R$ 70,00 (Plateia) e R$ 50,00 (Balcão/Frisas)
Clientes Porto Seguro têm 50% de desconto na compra de 1 ingresso + acompanhante.
Temporada: De 06 de junho a 16 de agosto.
Horários: Sábados e domingos, às 15h.
Duração: 60 minutos
Classificação: livre
Lotação: 508 lugares
Formas de pagamento: Todos os cartões de crédito e débito.
Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.
Estacionamento: Estapar
Instagram: @teatroporto
 

 

 

 

 

  

(FOTOS DE CENA: RENATO MANGOLIN. 

FOTOS DA ESTREIA: LEO LADEIRA.)

 

 

Um comentário:

  1. Com certeza levarei a Malu.
    Obrigada pela dica!
    Postagem excelente, como sempre!
    Bjs

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