sábado, 30 de abril de 2016


1ª MARATONA TEATRAL

EM SÃO PAULO - 2016

 

 

(PARTE II)

 

 

MEU AMIGO, CHARLIE BROWN.

 

(DIVERSÃO GARANTIDA,

DO NETINHO AO VOVÔ,

POR CAMINHOS DIFERENTES.

 

ou

 

MAS QUE PUXA!)

 

 

 

 

meuamigocharliebrow940x591

 

 

 


 

 

 

            Sempre achei que alguns livros, como “O Pequeno Príncipe”, “O Menino do Dedo Verde”, “Menino de Asas” e outros títulos nunca deveriam estar nas estantes que exibem “livros infantis”, nas livrarias, uma vez que nunca os considerei merecedores de tal classificação. Ou melhor, as crianças acham “bonitinha” a história, encantam-se com os personagens, porém não têm, pela idade, condições de ler as entrelinhas, o que está subjacente, que é o mais importante naquelas obras e em tantas outras, ditas “infantis”.

 

            Quando fiz um musical infantil, ao lado de Regina Duarte, no início da década de 70 – “D. Chicote-Mula-Manca E Seu Fiel Companheiro Zé-Chupança” -, baseado no clássico de Cervantes, as crianças riam por um motivo e os pais, por outro, já que, na peça, o culpado por tantas coisas erradas, que só faziam prejudicar seus súditos, era exatamente o Rei. Em plena ditadura, o TEATRO INFANTIL criticava a usurpação do poder, a corrupção, a truculência e a violência, cometidas pelos “milicos”, isso numa peça “infantil”, que, em termos de texto, não era para criança. A censura era muito forte, naquele momento, ainda que burra, pois não sabiam ler as entrelinhas, e o TEATRO INFANTIL era um vetor, para se dizer o que não poderia, nem deveria, ficar preso na garganta, até mesmo tendo um dramaturgo que apelar para a adaptação de um clássico da literatura universal. Não faltavam comentários de pais (ouvi muitos, várias vezes, na saída do teatro), fazendo associações entre o personagem do Rei e o general ditador do momento, cujo nome nem ouso falar, porque não merece ser lembrado, como nenhum dos outros.

 

 


Leandro Luna e Tiago Abravanel.

 

 

            Guardadas as devidas proporções, “MEU AMIGO, CHARLIE BROWN” também não é uma peça infantil, ainda que as crianças lotem o teatro a saiam de lá encantadas com o espetáculo, assim como os adultos. E nem poderia ser de outra forma, já que se trata de uma produção muito bem cuidada, em termos de estrutura técnica, com um visual belíssimo, além de ser muito bem dirigida e interpretada por um excelente elenco. Sem falar nas canções, nas coreografias, e no colorido dos figurinos e cenários... Um deleite para os olhos! Criança adora isso.

 

O musical é, antes de tudo, um grande presente para os pais. Como assisti em plena Semana Santa, foi um ótimo presente de Páscoa.

 

 

Espetáculo tem sexteto afinado - Foto: Divulgação

Pose para um clique.

 

 

            Mas... e o texto? Muito pouco os pequenos percebem, ficando apenas na superfície, o que, de forma alguma seria motivo para eu não recomendar o espetáculo, para todas as idades.

 

            Nunca tive o menor interesse por CHARLIE BROWN, protagonista das tirinhas e, posteriormente, do desenho animado Peanuts, de CHARLES M. SCHULZ. Embora possa estar indo de encontro à opinião de muita gente, peço-lhes que não me atirem pedras, antes da leitura da última linha dos comentários contidos nos próximos três parágrafos.

 

            Não achava a menor graça nas piadinhas, com raríssimas exceções, e os motivos, hoje, sei bem reconhecer. Em primeiro lugar, crianças e adolescentes da minha época (nasci um ano antes do “nascimento” do CHALIE BROWN), por serem muito menos “espertos” e informados que os de hoje, não tinham capacidade de entender as mensagens implícitas, que o autor tentava passar, pela boca e comportamento dos personagens.

 

Em segundo lugar, todos havemos de convir que o humor do americano é bem diferente do nosso. Para isso, basta assistir a uma transmissão da solenidade de premiação do Oscar – os que entendem perfeitamente o idioma inglês hão de concordar comigo –, para ficar pasmo, quando a plateia dobra a gargalhada, por algo dito por um dos apresentadores, “sem a menor graça” (para nós). Uma alcateia de hienas (Pensou que “alcateia” fosse só coletivo de “lobos”?), rindo, não sabemos de quê.

 

O terceiro pode ser creditado às péssimas traduções que fazem das tirinhas, de uma forma geral. Nas poucas vezes em que tive exemplares originais nas mãos, achei até um pouco mais de graça.

 

 


 

 

            O humor, que esconde muita seriedade, da turma do CHARLIE BROWN não está, propriamente, no que se diz, mas nas reflexões a que podemos chegar, pelo que foi dito, ou feito. São piadas para risos retardados, no sentido de “a posteriori”. Precisa-se, algumas vezes, de um tempinho para a decodificação das entrelinhas, o cerne da piada.

 

            Até agora, discorri sobre as tirinhas do PEANUTS, mas o objetivo desta crítica é o musical “MEU AMIGO, CHARLIE BROWN – um espetáculo da Broadway”. Reparem que não escrevi, em maiúsculas, o complemento do título deste musical, que encantou o público paulista, que me atraiu a São Paulo, para assistir a ele, que lotou todas as sessões, no Teatro Frei Caneca e que encerrou sua vitoriosa temporada no último dia 24 (de abril / 2016). Estamos aguardando uma prometida temporada carioca.

 

            O motivo da grafia em minúsculas eu explico. Creio se tratar de um toque de “marketing”, por parte da produção, para chamar o público, totalmente desnecessário, no meu entender, mas que não deixa de ser um grande atrativo. Afinal, trata-se de “um espetáculo da Broadway”.

 

FOI na Broadway, porém, AGORA, é uma montagem brasileira, UMA EXCELENTE MONTAGEM BRASILEIRA, feita com o mesmo esmero como deve ter sido montado lá. E, no final, o resultado da soma vai dar igual à Broadway; às vezes, até melhor.

 

 


 

 

            Já há algum tempo - não me canso de dizer –, nossas produções de TEATRO MUSICAL não ficam nada a dever às montagens americanas, salvo alguns poucos  equívocos e fracassos, que não revelarei, nem sob tortura. Tive a oportunidade de assistir a muitos espetáculos na Broadway  ou em West End e, posteriormente, nas versões brasileiras e vi que, aqui, não perderam nada, ou muito pouco. Poderia, se quisesse, ocupar muito espaço, com uma longa lista deles.

 

Temos material humano igual a qualquer outro estrangeiro, ou, em alguns casos, melhor. O que nos falta é dinheiro, para bancar grandes produções, e, ainda, uma tradição, que atraia, aos musicais, o grande público e os turistas, os quais deixam seus dólares e libras nas bilheterias americanas ou inglesas. Vocação para isso já provamos que temos.

 

 


 

 

E continuo eu tergiversando... Mas, agora, vou falar da peça.

 

 


 
SINOPSE:
 
“Um dia normal na vida de CHARLIE BROWN”.
 
Assim, os autores resumem a história deste musical. Um dia, recheado de pequenos momentos da vida de CHARLIE BROWN; do Dia do Amigo à temporada de beisebol; do extremo otimismo ao desespero total; tudo isso misturado às vidas de seus amigos e colocado, juntos, num único dia, de uma linda e incerta manhã a um pôr do sol cheio de esperança.
 
O universo de CHARLIE BROWN se caracteriza pelo humor delicado e melancólico, com personagens inteligentes, sensíveis, mordazes e criativos, que provocaram uma revolução no mundo das histórias em quadrinhos.
 
Todos os personagens refletem sobre a simplicidade e a complexidade do cotidiano, além de questionarem e tentarem entender tudo que os rodeia.
 
A dramaturgia e a música propõem o encontro do menino CHARLIE BROWN com o mundo que o cerca e sua constante busca pelo significado das coisas e dos sentimentos.
 

 

 

 


 

 

O musical “MEU AMIGO, CHARLIE BROWN” (não entendo a vírgula, no título; no original, sim, já que separa um vocativo), segundo o “release”, gentilmente enviado por BETH GALLO (MORENTE FORTE), “é um dos espetáculos musicais com maior número de montagens na história do teatro americano, com o título original de ‘YOU’RE A GOOD MAN, CHARLIE BROWN’”. 

 

Ainda diz o “release”: “Uma superprodução para todas as idades, bom para as crianças e melhor, ainda, para os adultos, que acompanham estes personagens desde os anos 50. Uma história que celebra a amizade e traz personagens humanos, repletos de dilemas atuais, que culminam em situações muito engraçadas, mas que mostram, de maneira genuína, que a felicidade está presente nas pequenas coisas, nos pequenos gestos. Baseada na célebre história em quadrinhos, criada pelo desenhista CHARLES M. SCHULZ, em 1950 e, até hoje, publicada em milhares de jornais de todo o mundo.

 

 


Tiago Abravanel.

 

 

Normalmente, inicio as minhas análises pelo texto, que, aqui, se apresenta em forma de esquetes, como se fossem as tirinhas, não havendo, portanto, uma unidade de texto. A peça é constituída por vários pequenos textos, nos quais, sem exceção, predominam o humor inteligente e ferino; sarcástico, por vezes; sempre crítico; fruto da genialidade do autor e muito bem traduzido por MARIANA ELISABETSKY, que também atua na peça.

 

As canções originais são de CLARK GESNER e as adicionais foram compostas por ANDREW LIPPA.

 

 


 

 

A direção e a coreografia, ambas excelentes, levam a assinatura de um dos maiores “workaholics” do TEATRO BRASILEIRO, que eu conheço, e que consegue fazer vários trabalhos ao mesmo tempo, no Brasil e no exterior, com igual dedicação e excelentes resultados, em todos: ALONSO BARROS.

 

ALONSO conseguiu transpor para o palco, dando voz e movimentos às tiras, todo o universo criado por SCHULZ, utilizando uma linguagem simples e, ao mesmo tempo, sofisticada, em termos de marcações e soluções para as cenas, fugindo, totalmente, aos clichês que costumam ser observados em peças infantis.

 

Nada, em cada cena, é injustificável ou é um apêndice. Como grande coreógrafo que é, valoriza, mais ainda, o espetáculo, com suas criações coreográficas, bastante movimentadas, dinâmicas, que prendem a atenção da gurizada.

 

É bem interessante o fato de tudo começar em preto e branco, para, depois, se tornar bastante colorido. Funciona como um rito de passagem, do real para a fantasia ou de uma fantasia a outra.

 

É ótima a cena em que CHARLIE BROWN solta pipa, projetada na tela, ao fundo do cenário, em ótimo trabalho de videografismo, culminando com uma pipa, de verdade, caindo sobre a plateia. Uma bela analogia entre a pipa e a vida. Quem assiste à peça, os adultos, percebe isso.

 

 


Soltando pipa.

 


Uma das melhores cenas da peça se dá quando os amigos vão ao cinema e veem um filme em que SNOOPY combate o inimigo, o Barão Vermelho, num excelente trabalho de coordenação entre a ação de luta, ao vivo, de TIAGO ABRAVANEL, usando sua casinha como um aeroplano, e o avião em desenho animado, até abatê-lo.

 

 


 

 

Convém lembrar que este espetáculo já teve outra montagem brasileira, em 2009, de cujo elenco permanecem, no atual, LEANDO LUNA (CHARLIE BROWN), PAULA CAPOVILLA (LUCY VAN PELT) e MARIANA ELIZABETSKY (SALLY BROWN). Os demais, que formam um sexteto, são TIAGO ABRAVANEL (SNOOPY), GUILHERME MAGON (SCHROEDER) e MATEUS RIBEIRO (LINUS VAN PELT), além de TECCA FERREIRA (Swing Feminino) e DOUGLAS THOLEDO (Swing Masculino). Há outros personagens, na Turma do CHARLIE BROWN, porém apenas esses seis estão presentes no musical.

 

Poucas vezes, tive a oportunidade de ver um elenco tão harmonioso, equilibrado e competente como o deste espetáculo, em que, apesar do protagonismo dos personagens CHARLIE BROWN e SNOOPY, o que se vê é uma turma de protagonistas, brilhando em cena, dividindo, generosamente, entre si, os focos da atenção da plateia, em seus solos ou em conjunto.

 

Para os pequenos, que não vão a musicais “para adultos”, é a grande oportunidade de conferir o fantástico trabalho de três dos mais destacados nomes do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO: TIAGO ABRAVANEL, PAULA CAPOVILLA e LEANDRO LUNA, que já atuaram em alguns dos melhores musicais levados à cena em palcos brasileiros, inclusive como grandes protagonistas.

 

 


Guilherme Magon, Mariana Elizabetsky,

Mateus Ribeiro e Paula Capovilla.

 

 

TIAGO, de carreira mais curta que a dos outros dois, em termos de musicais, em “Miss Saigon”, “Hairspray” e o consagrado “Tim Maia – Vale Tudo”, que fez dele um dos mais requisitados atores desse gênero de TEATRO.

 

PAULA, uma das nossas maiores “cantrizes”, deixou saudades em mais de uma dezena de grandes musicais, com destaque para "Les Misérables", "Godspell", "Grease", "Cole Porter – Ele Nunca Disse Que Me Amava", "O Fantasma da Ópera", "A Bela E A Fera", "Mamma Mia!, "Evita", "A Família Addams" e “A Madrinha Embriagada”, apenas para citar alguns.

 

LUNA atuou nos musicaisPriscilla, Rainha do Deserto(um grande desafio), “Como Vencer Na Vida Sem Fazer Força”, “Vingança” e “Chaplin, O Musical”, por exemplo, tendo seu talento mais que reconhecido, pelo público e pela crítica.

 

            No papel título, LEANDRO LUNA faz uma composição perfeita do personagem,  um menino cheio de preocupações e com algumas frustrações, um garoto azarado e melancólico. CHARLIE BROWN está mais para um adulto precoce do que para uma criança, dotada de infinita esperança e determinação, mas que é dominada por suas inseguranças e uma permanente má sorte, permitindo que aqueles que o cercam, muitas vezes, tirem partido disso e se aproveitem de sua excessiva “camaradagem” (Você é um bom homem, CHARLIE BROWN, na tradução “ipsis litteris”). SCHULZ admitiu, mais de uma vez, que criou o personagem, mais ou menos, como um autorretrato, compartilhando suas inseguranças e dúvidas sobre si mesmo.

 

 


 

 

Quanto à idade do personagem, pairam dúvidas. Logo nos primeiros episódios, ele afirma que tem apenas quatro anos de idade, mas envelheceu um pouco, com o passar das décadas, chegando a ter seis anos, numa época, e oito e meio, em outra. Referências posteriores continuam a retratar CHARLIE BROWN como tendo por volta de oito anos de idade.

 

LEANDRO LUNA, um dos idealizadores do projeto e que também capitaneia a produção, conseguiu reunir todas as características de BROWN, como sua timidez e insegurança, principalmente, o que exige dele um profundo e difícil trabalho de expressão facial e corporal, sem falar na voz. Praticamente, durante toda a peça, o ator, que é alto e forte, utiliza uma postura corporal meio corcunda, um pouco projetado para a frente, mais para o cabisbaixo, típico dos tímidos e inseguros.

 

 


 

 


TIAGO ABRAVANEL (SNOOPY), o “beagle de estimação de CHARLIE BROWN, é uma atração à parte. O personagem é bom e o ator, melhor ainda. Ele nem precisa falar, para angariar a simpatia de pequenos e grandes, que saem do teatro referindo-se, ao personagem e ao ator, com o singelo epíteto de “fofo”. Realmente, assim é o personagem e, da mesma forma, se comporta o ator.


ABRAVANEL quase monopoliza as cenas de que participa, com sua simpatia e talento, na composição do personagem, que, apesar de ser um cachorro, que gostava de dormir no telhado de uma casinha vermelha (durante esses sonos, costumava ter sonhos mirabolantes), contrariando a lógica, datilografa histórias e até joga no time de beisebol. Personagem em suas próprias obras, desdobra-se em vários alteregos, destacando-se como Joe Cool, com seu inseparável par de óculos escuros, e um aviador, que vive combatendo um vilão, o Barão Vermelho.

 


 

 


 

 


 

 

 

PAULA CAPOVILLA encarna LUCY VAN PELT, a permanentemente mal-humorada irmã mais velha de LINUS. LUCY tem uma forte e predominante personalidade, é muito cínica, grita muito, é impaciente, hipócrita e, frequentemente, é malvada com os outros personagens da série, particularmente com o irmão e com CHARLIE BROWN, principalmente quando jogam futebol americano. Os seus sorrisos e motivos, raramente, são verdadeiros. Costuma apresentar argumentos sem lógica e as suas perspectivas são sempre egocêntricas. A sua maneira de ver as coisas é única. Ela é apaixonada por SCHROEDER, mas não é correspondida, uma vez que este prefere tocar piano a estar com ela.

Um dos detalhes mais interessantes e engraçados da personagem é que ela tem uma “banca de ajuda psiquiátrica”, por cujas consultas cobra e das quais talvez fosse a maior necessitada.

 

 


 

 

PAULA dá uma aula de interpretação e consegue arrancar muitas gargalhadas da plateia, inclusive em cena aberta. Para a composição da personagem, descobriu uma voz desafinada, hilária, principalmente quando se dispõe a “cantar” para SCHROEDER.




 



A GUILHERME MAGON, coube o papel de SCHROEDER, que vive debruçado ao piano e tem Beethoven como herói. Pianista, fã de música clássica, goza de uma profunda afeição por parte de Lucy, sem lhe dar o esperado retorno.


Não conhecia, ainda, infelizmente, o trabalho de GUILHERME, porém o que vi já é o suficiente para perceber nele muita segurança e personalidade na composição do personagem.

 



 


MATEUS RIBEIRO comporta-se magnificamente, como LINUS VAN PELT, irmão de LUCY e o melhor amigo de CHARLIE BROWN. Ainda que uma criança, é muito observador e erudito, “filosofando” invariavelmente. Não abre mão do seu inseparável cobertor azul, o seu “cobertor de segurança”, psicologicamente, sua arma de defesa (Contra o quê?).

Além de se destacar como ator e cantor, creio que a dança é o que mais leva o ator ao destaque, nesta montagem. Impressionou-me, sobremaneira, seu comportamento nas coreografias.

 


 

 

 

MARIANA ELIZABETSKY faz uma ótima SALLY BROWN, a irmã mais nova de CHARLIE. A personagem é apaixonada por LINUS, que vive figindo dela, e tem uma propensão a dizer frases estúpidas. É muito crítica e séria; às vezes, parece uma advogada ou uma psicóloga, quando fala, entretanto seus pensamentos não são lá muito dignos de credibilidade, por falta de consistência e lógica. É muito teimosa e, até que provem o contrário, é ela quem tem a razão. Por outro lado é dona de uma profunda generosidade.

 

A personagem de MARIANA também ganhou uma voz fantástica e seu trabalho também é digno dos maiores elogios.

 

 


 

 

           

            Um musical, para funcionar bem, depende de dois bons diretores: um de cena e outro musical. Sobre o primeiro, ALONSO BARROS, já falei; falta fazer referência ao ótimo trabalho do diretor musical, que também acumula a função de maestro regente, SANDRO SILVA. Aproveito para mencionar, na mesma área, o correto desempenho de RAFAEL VILLAR, como diretor vocal. Eles são os responsáveis pela maneira correta como são executadas as lindas canções da peça, pelos atores e por uma banda, formada por LUCAS NOGARA, PEDRO GOBETH, MARCELO MANFRA, MAURO DOMENECH e DOUGLAS ANDRADE. O meu destaque, no repertório, vai para a última canção do espetáculo: “Ser Feliz”.

 

            Vale um grande destaque a cenografia, de CHRIS AIZNER e NÍLTON AIZNER, reproduzindo, quase fidedignamente, o que se vê nas tirinhas, com a curiosidade de os móveis e todos os elementos cenográficos serem construídos em uma escala bem acima da normal, para que os personagens, todos representados por atores adultos, possam parecer crianças. Um detalhe simples, porém muito interessante e significativo.

 

 


 



 

 

            Logo que se posiciona em seus lugares, os espectadores veem, no palco, um grande painel, com a assinatura de SCHULZ e o que, por um truque de luz,  parece ser o desenho dos seis personagens, entretanto, depois, observa-se que não são desenhos, mas imagens vazadas de cada um deles.

 

 


 

 

            No fundo, um ciclorama, uma espécie de tela, para projeções e obtenção de efeitos especiais, principalmente em termos de iluminação.

 

            Os figurinos, de JÔ RESENDE, são, praticamente, uma reprodução dos originais, não sendo este detalhe um demérito para seu trabalho. Muito ao contrário, são bonitos, coloridos, de ótimo acabamento e funcionam muito bem em cena, valorizados pela impecável iluminação de PAULO CÉSAR MEDEIROS.

 

            Musical em que haja falhas no som perde todo o encanto. Aqui, tudo funciona bem, graças ao trabalho de desenho de som, de TOCKO MICHELAZZO.

 

            Por tudo o que escrevi e por muito mais que ficou por ser dito, considero “MEU AMIGO, CHARLIE BROWN”, um excelente musical, que merece ficar em cartaz, por muito mais tempo, percorrendo várias praças do Brasil, tão carente de espetáculos desse gabarito.

 

O Rio de Janeiro aguarda, com bastante ansiedade e curiosidade, essa turminha por aqui, como me foi prometido lá.

 

 

Meu amigo, Charlie Brown

 

 

            Talvez o ponto mais importante deste espetáculo seja a valorização da amizade, bem expressa pela foto abaixo:

 

 


 

 

 


FICHA TÉCNICA:
 
Baseado nas Tirinhas de Charles Schulz
Um Musical de Clark Gesner
Versão Brasileira – Mariana Elisabetsky
 
Elenco: Tiago Abravanel - Snoopy
  Leandro Luna - Charlie Brown
  Paula Capovilla - Lucy Van Pelt
  Mariana Elizabetsky - Sally Brown
  Guilherme Magon - Schroeder
  Mateus Ribeiro - Linus Van Pelt
  Tecca Ferreira - Swing Feminino
  Douglas Tholedo - Swing Masculino
 
Direção e Coreografia – Alonso Barros
Assistência de Direção – Vanessa Costa
Diretor Musical e Maestro Regente – Sandro Silva 
Direção Vocal – Rafael Villar
Direção de Produção – Danny Olliveira e Leandro Luna
Cenários – Chris Aizner e Nílton Aizner
Figurinos – Jô Resende
Designer de Som – Tocko Michelazzo
Designer de Luz – Paulo César Medeiros
Maquiagem – Pedro Queiroz
Videografismo - Tuba
Direção Financeira – Danny Olliveira e Priscilla Squeff
“Stage Manager” – Lucas Farias
Assessoria Jurídica – Marcelo Takeyama
Fotógrafo – Caio Gallucci
Comunicação e Filmes – Ponto Case
Assessoria de Imprensa - Morente Forte
Realização – Néctar Cultural
 

 

 

 


Aplausos!

 

(FOTOS: CAIO GALLUCCI.)

 

 

 

                          Com o elenco e com os amigos Lucas Sant’Anna e Gustavo Katz.