sexta-feira, 3 de novembro de 2017

JOÃO,
O ALFAIATE
– UM HERÓI INUSITADO


(UM ESPETÁCULO
DIGNO DE SER CHAMADO
DE INFANTOJUVENIL.)




            Gosto muito de assistir a espetáculos infantojuvenis, porém, infelizmente, sou obrigado a ser bastante seletivo, nesse gênero, em função da péssima qualidade da maioria das produções, em que pese a boa intenção (às vezes, não) dos responsáveis por eles.

            Há companhias de TEATRO, no Brasil, voltadas, especificamente, para o público infantojuvenil, as quais me terão, sempre, na plateia, por terem seus nomes já consagrados, por muitos anos de excelentes trabalhos e serviços prestados a esse nicho de público. Uma delas é a CIA CENTRO TEATRAL E ETC E TAL, que, vez por outra, monta um chamado espetáculo para adultos e outros para todas as idades.

            O grupo carioca, fundado em 1993, é formado pelo trio de cômicos ÁLVARO ASSAD, MÁRCIO MOURA e MELISSA TELES-LÔBO, os quais desenvolvem sua pesquisa artística calçada na tríade TEATRO – Mímica - Humor. É uma companhia de repertório e coleciona sucessos, de público e de crítica, ao longo dos 24 anos de atividades, com apresentações em vários países.

            “...É um dos poucos grupos brasileiros de trabalhos continuados, que investe nas inúmeras possibilidades da mímica, que tem conseguido aliar pesquisa artística e auto-sustentabilidade no cenário teatral brasileiro.

            Sempre com um núcleo fixo de atores (três) e os mesmos colaboradores na ficha técnica, vem imprimindo uma linguagem própria e aprofundada sobre a mímica e a comicidade, sem perder o que se mais preza no fazer teatral: a relação empática com o público.

            Por ser uma técnica pouco difundida e de alto rigor estilístico, a CIA CENTRO TEATRAL E ETC E TAL tem conquistado o respeito e a admiração de público e crítica por todo o país, como um núcleo artístico que alia virtuosismo técnico, presença cênica e um humor próprio no seu fazer teatral.



                         



            De há muito, sou admirador do trabalho deles e essa admiração se consolidou, de vez, depois de ter assistido, várias vezes, ao espetáculo “O Buraco”, este para adultos, e “O Maior Menor Espetáculo da Terra”, para os pequenos.

            No momento, a CIA se apresenta, no Centro Cultural da Justiça Federal (VER SERVIÇO.), com uma linda e interessante peça infantojuvenil, mas que agrada a “crianças de 8 a 80 anos”, que é “JOÃO, O ALFAIATE – UM HERÓI INUSITADO”, espetáculo que vem de uma longa e vitoriosa carreira em São Paulo (capital e interior), onde estreou, tendo sido visto por cerca de 4.000 espectadores, o que, em termos de TEATRO infantojuvenil, pode ser considerado um grande fenômeno. Também, em terras paulistas, receberam cinco indicações a prêmios.

            O espetáculo tem direção de ÁLVARO ASSAD e é baseado num dos clássicos da literatura infantil, “João Mata Sete”, dos irmãos GRIMM (JACOB e WILHELM), e é feito da melhor forma inventiva, prendendo a atenção do público, da primeira à ultima cena.








SINOPSE:

Em cena, o trio de atores ÁLVARO ASSAD (JOÃO), MÁRCIO MOURA (REI) e MELISSA TELES-LÔBO (BOBO DA CORTE) esmiúça a história de um alfaiate, que esbraveja, para o mundo, sua valentia, ao matar sete insetos, pousados em sua refeição, num reino onde seres fantásticos apavoram a Vila Central.

A notícia se espalha, até chegar ao REI. Este manda trazer o alfaiate à sua presença, certo da existência de um grande herói, para a missão desafiadora de livrar o reinado dos diversos temidos, inesperados e surpreendentes problemas da realeza. Promete-lhe, caso cumpra a missão, destruir o unicórnio, uma boa recompensa, em dinheiro, e a mão da princesa.

Sem ter tempo de saber do que se trata, o alfaiate se vê diante da missão.

Distraído pela própria interpretação dos fatos e pela astúcia do monarca, JOÃO “costura” soluções nas situações diante das tarefas designadas para ele.







            Além da minha própria apreciação sobre esta montagem, faço uso, nesta crítica, de alguns trechos do excelente “release”, enviado pela assessoria de imprensa, via ALEXANDRE AQUINO, o que estará em destaque, em negrito e itálico, além de entre aspas.

“Este é o décimo espetáculo da companhia carioca, que faz chegar ao público uma profusão de cenas cômicas, mesclando pantomimas e histrionismo verborrágico, cenas farsescas, truques de magia, uso de pinturas de arte com engenhocas cênicas, tudo para levar adultos e crianças ao mundo da alfaiataria que ‘costura’ o inusitado herói”. Especificamente voltado ao público infantojuvenil, trata-se, porém, da sétima montagem.

Mais uma vez, a ETC E TAL foi felicíssima num projeto, ao adaptar um clássico da literatura juvenil universal e transpô-lo, para o palco, utilizando sua mais aprimorada forma de expressão, que é a mímica, com uma fixação no aspecto do dimensionamento do espaço físico, com o que poucos se preocupam tanto.

A montagem ocupa o mínimo de área cênica, espetacularmente bem aproveitada, utilizando efeitos que misturam dimensões espaciais e temporais, num trabalho conjunto de cenografia, iluminação e a própria marcação e movimentação dos atores em cena.

O cenário é surpreendente e promete uma série de gratas surpresas.

Ao adentrar o Teatro, o espectador vê, no palco, o que parece ser, simplesmente, um painel de dimensões razoáveis, contendo imagens alusivas ao universo do ALFAIATE: um botão bem grande, dois alfinetes “gigantes”, um pedaço de tecido vermelho, que o ALFAIATE “fabrica”, retirando linha de um carretel, num excelente trabalho mímico, e uma enorme fivela, como se fosse um quadro, com uma moldura.






               






Ao iniciar a peça, vem a grande surpresa: o cenário é “sanfonado”, como se fosse um livro (e o é, na verdade), cujas páginas vão sendo abertas, cedendo espaço a outros cenários.

Trata-se de um trabalho conjunto, que envolve os próprios elementos da ETC E TAL mais TARCÍSIO ZANON e RAQUEL THEO. Aquele criou os desenhos; esta os coloriu e os formatou. Foi um árduo e meticuloso trabalho, como afirma o diretor da peça, no que todos acreditamos, pelo conjunto da obra. Nas palavras de ÁLVARO ASSAD, em entrevista a Renato Mello, para o “Botequim Cultural”, “o cenário é uma verdadeira caixa de costuras / histórias”.

São excelentes os figurinos, de FLÁVIO SOUZA, que “desconstroem as figuras de cena do tradicional e mergulham no universo onírico de sobreposição de tons neutros, que fazem os corpos dos atores saltarem das telas”. Não me atreveria a ir tão profundamente na análise, ficando apenas com a afirmação de que são belos, criativos e completamente dentro da proposta da peça.

Segundo várias fontes, é a primeira vez, em 24 anos de existência, que a CIA recorre a um profissional de visagismo - ótimo, por sinal -, CLÉBER DE OLIVEIRA, para criar o visual dos personagens, por meio da utilização de uma ótima maquiagem e de perucas e próteses, de excelente acabamento.

AURÉLIO OLIOSI criou um ótimo desenho de luz, que favorece a ilusão dimensional, proposta nesta montagem, tudo por meio do posicionamento dos refletores, “spots” e afins, assim como a conjugação destes, em uso, associado aos tons escolhidos e à intensidade de luz, com bastantes variações.

Completam o lúdico da peça, os pequenos detalhes de ilusionismo e a perfeita trilha sonora, a cargo de JOAQUIM DE PAULA, que pontua toda a trama, mesclando onomatopeias, efeitos sonoros e melodias compostas para o desenho de cena (como em desenhos animados)...”.

Totalmente desnecessário é falar de quão correta é a direção, de ÁLVARO ASSAD, e a atuação dos trio de atores: brilhante, irrepreensível.




                             





FICHA TÉCNICA:

Concepção Cênica e Texto Original: Álvaro Assad, Márcio Moura e Melissa Teles-Lôbo

Atuação: Álvaro Assad (João, o Alfaiate), Márcio Moura (Rei) e Melissa Teles-Lôbo (Bobo da Corte)

Direção e Preparação Mímica: Álvaro Assad
Música Original: Joaquim de Paula
Figurinos: Flávio Souza
Visagismo (maquiagem, cabelos e próteses): Cléber de Oliveira
Desenho de Luz: Aurélio Oliosi
Cenário: Etc e Tal / Tarcísio Zanon / Raquel Theo
Desenho de Arte  (Painéis do Cenário): Tarcísio Zanon
Colorização dos Painéis do Cenário e Arte Cenográfica: Raquel Theo
Cenotecnia e Adereços: Rafael Bis Bis e Raquel Theo
Assistência de Figurinos e Cenários: Anna Fernanda
Bonecos de Espuma: Marcos Monte
Mini Cases de Proteção para Adereços e Visagismo: Arise Assad.
Operação de Luz e Som: Fernanda Sabino
Apoio Operacional, Montagem e Registro: Levi Leonardo
Produção Executiva: Lu Altman
Assessoria de Imprensa: Alexandre Aquino
Fotos: Beatriz Rocha
Realização: Centro Teatral e Etc e Tal


 







SERVIÇO:

Temporada: De 28 de outubro a 19 de novembro de 2017.
Local: Centro Cultural Justiça Federal.
Endereço: Avenida Rio Branco, 241 – Cinelândia - Centro – Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 3261-2550.
Dias e Horários: Sábados e domingos, às 16 horas.
Duração: 50 minutos.
Capacidade: 142 lugares.
Valor do Ingresso: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia entrada).
Horário de Funcionamento da Bilheteria: De 3ª feira a domingo, do meio-dia às 19h.

Observação: Para adquirir ingressos para o espetáculo “JOÃO, O ALFAIATE...”, somente nos dias em que a peça é apresentada.
Classificação Etária: Livre (Indicado acima de 05 anos).
Gênero: Teatro Infantojuvenil.











            A história é muito bem contada, fugindo, até, aos tradicionais clichês dos contos infantis. Basta saber que a princesa da história ronca, o que constitui uma “heresia”.

            Não resta a menor dúvida de que, além de divertir, o espetáculo pode ser considerado didático, no que diz respeito ao fato de contribuir para que as crianças aprendam noções de espacialidade.









            Trata-se de um espetáculo bastante divertido, com uma produção muito bem cuidada e levada a sério, contando com uma ficha técnica de competentes profissionais, com destaque para o trio que atua.

            Para encerrar, creio ser pertinente uma ligeira explicação acerca do subtítulo desta crítica: “UM ESPETÁCULO DIGNO DE SER CHAMADO DE INFANTOJUVENIL”.

É que, no afã de fugir às bobagens tantas, que ocupam os palcos da maioria dos teatros cariocas, com espetáculos infantojuvenis”, alguns dramaturgos, produtores, diretores e atores têm partido para o oposto, montando espetáculos que não alcançam as crianças e, muitas vezes, nem os adultos, de tão herméticos e “filosóficos” que são.

Por esse motivo, um “BRAVO!” para este “JOÃO, O ALFAIATE – UM HERÓI INUSITADO”.











(FOTOS: BEATRIZ ROCHA.)





































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