sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

CONEXÃO: SOLIDÃO

(VIVEMOS NUMA
“ADEIA GLOBAL”
ou
A CARAPUÇA QUE CABE 
EM QUASE TODAS AS CABEÇAS.


 


“Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” (Glauber Rocha).

Não! Não é sobre cinema que falarei, visto que não é a minha “praia”; menos, ainda, do Cinema Novo. Tomei como mote o célebre pensamento de Glauber, imortalizado numa frase, para, parodiando-o, dizer, com relação a um espetáculo teatral em cartaz, no Rio de Janeiro, o seguinte: Uma ideia na cabeça, até nem tão original, no sentido de inédita, e um bom elenco na mão, guiado por um excelente diretor. E, assim, temos um ótimo espetáculo de TEATRO, que merece ser visto e que pode mexer, e muito, com as cabeças dos espectadores.

            O espetáculo a que me refiro, extremamente simples, em termos de cenáriosfigurinos e iluminação, é “CONEXÃO: SOLIDÃO”, em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim, por apenas três semanas (VER SERVIÇO.), mas que merece - e espero que consiga – uma temporada longa, pela sua qualidade artística, ainda que encenado por alunos, semiprofissionais, de um dos cursos de TEATRO, ministrado por um dos mais renomados diretores do TEATRO BRASILEIRO, na minha opinião e na de muita de gente: DANIEL HERZ.






SINOPSE:

Através da tecnologia e das redes sociais, estamos mais conectados com o outro? Ou estamos sofrendo uma vingança da voracidade humana?

Tentar fazer mais, em menos tempo, nos torna cada vez mais descartáveis e solitários?

O tempo da informação, do algoritmo, consegue dar conta da nossa complexa subjetividade?

“CONEXÃO: SOLIDÃO” apresenta fragmentos, em cena, que propõem essa reflexão.

Angústia e humor se entrelaçam, criando um mosaico de situações, que “compartilham” com o público essas ideias.

A relação com o outro existe ou viramos todos objetos virtuais e, portanto, deletáveis? 




            Pela sinopse supra, não se pode entender outra coisa que não seja um espetáculo leve, porém de grande profundidade, que pode provocar grandes reflexões, nascido de uma ideia de HERZ, no qual, por meio de 25 quadros, abaixo relacionados, um elenco, muito harmonioso, por sinal, de alunos adiantados, semiprofissionais (eu diria que, 99 % já podem ser considerados profissionais), encena situações em que fica patente o quanto somos dependentes da máquina, ou melhor, da tecnologia, cada vez mais avançada, empregada na comunicação entre iguais, o que nos gera uma falsa impressão de que estamos todos ligados, uns aos outros, conectados, via celulares e outros da família, “vilões”, durante 24 horas por dia, até quando dormimos, o que se revela, na verdade, uma grande ilusão.

O que ocorre é que, paradoxalmente, quanto mais nos imaginamos rodeados de gente, graças à parafernália virtual, mais solitários estamos, no conviver do dia a dia. Estamos cercados de gente, que não enxergamos e que não enxergam a nós. Poderia, aqui, citar “n” exemplos, que constatamos, minuto a minuto, o que seria totalmente desnecessário. Por acaso, alguém se recusa a achar um absurdo, por exemplo, que a família se isole, cada um no seu quarto, assistindo à mesma programação na TV? Será que ninguém se incomoda com aquelas pessoas DOENTES, que não conseguem desligar (ou se desligar d)o seu aparelho celular, nem para assistir a uma peça de TEATRO ou a um filme, no cinema, incomodando os atores e os espectadores ao redor? Paremos por aqui...




            Não se trata de nenhuma nova revelação nem de um assunto que não tenha sido, ainda, explorado no TEATRO, entretanto o que concede relevo a este espetáculo são as situações criadas pela direção, apoiada num excelente texto coletivo, surgido durante as aulas de um curso de TEATRO, a grande criatividade de DANIEL, na concepção de cada cena, e o talento dos jovens (na sua quase total maioria) atores.

O resultado disso tudo é uma espetáculo que diverte, ao mesmo tempo que faz acender, em cada espectador, a luz amarela, que divide a sanidade da total dependência dos “conectores”.

            Segue a relação das cenas da peça, cada uma mais interessante que a outra:





ROTEIRO OFICIAL PARA A TEMPORADA DE JANEIRO:

1- Casamento. 
2- Casal se cumprimenta num resumo. 
3- Tinder com Match. 
4- Frase “adicionar ou não adicionar” e eu gosto de me ver nua na foto. 
5- Processador.
6- Dominó.
7- Chef. 
8- Você me ama? 
9- Atriz suicida. 
10- Filho invertido. 
11- Vejo ele ou eu filmo ele.
12- Tinder - contador teimoso e defensora das redes sociais. 
13- War.
14- Whatssap sem reposta - 20 segundos. 
15- Existe mesmo. 
16- Vamos cada um pra sua casa mandar foto da sua parte intima? 
17- Vender felicidade. 
18- Vamos dormir. 
19- Frases a favor das redes sociais. 
20- Enter.
21- Casal que só transa virtualmente. 
22- Me chupa. 
23- Feliz aniversário. 
24- Atriz suicida. 
25- Masturbação.







FICHA TÉCNICA:

Uma ideia original de Daniel Herz
Texto: Criação coletiva 
Direção: Daniel Herz 
Assistente de Direção: Carol Santaroni

Elenco (por ordem alfabética): Bruna Steiner, Carol Santaroni, Graziela Dalbosco,
Haroldo Leda, Juliana Souza Lima, Kaíque Bastos, Laura StorinoLeo Armada, Luísa Ferrari, Mariana Maffia, Mário Sampaio, Moisés Meireles Natália Knaack,
Rafael Telles, Raphael Zaremba, Renata Nascimento, Roberta Brisson e Vinícius Bertoli

Iluminação: Guiga Ensa
Trilha Sonora: Carol Santaroni
Operador de Som: Magno Myller
Direção de Produção: Laura Storino e Roberta Brisson
Produção Executiva: Leo Armada
Assistente Administrativa: Carolina Hinterhoff
Programação Visual: Lucas Rocha
Fotos: Epiderme – João Santucci




 







SERVIÇO:

Temporada: De 13 a 28 de janeiro de 2018 (seis apresentações)
Local: Casa de Cultura Laura Alvim
Endereço: Avenida Vieira Souto, nº 176 – Ipanema – Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2332-2016
Dias e Horários: Aos sábados e domingos, às 20h
Valor dos ingressos: R$40,00 (inteira), R$20,00 (meia entrada)
Classificação Indicativa: 16 anos
Gênero: Comédia








            Dois motivos me atraíram à Casa de Cultura Laura Alvim. Em primeiro lugar, o nome de DANIEL HERZ, ligado ao projeto, e, em segundo, o desejo de prestigiar o trabalho de novos atores (gosto muito disso e o faço com muita frequência e prazer). Eles merecem o nosso incentivo, dentre os quais, em bem pouco tempo, alguns estarão brilhando nos palcos da vida, pelo que demonstraram em cena.

            Recomendo, com bastante empenho, esta experiência teatral, na certeza de que os que aceitarem a minha indicação não se arrependerão de ter assistido à peça.

            E VAMOS AO TEATRO!!!

VAMOS OCUPAR TODOS OS TEATROS DO RIO DE JANEIRO!!!






(FOTOS: EPIDERME – JOÃO SANTUCCI
e
INTERNET - ilustrativas.)

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