quinta-feira, 8 de março de 2018


HOJE
É DIA
DE ROCK

(UM AFAGO NA ALMA,
UM BEIJO NO CORAÇÃO,
UM TRATADO DE LIRISMO,
UMA OBRA-PRIMA!!!
ou
SEMPRE SERÁ DIA DE
“HOJE É DIA DE ROCK”.)




            Um dos mais emblemáticos templos dedicados ao TEATRO, no Rio de Janeiro, o Teatro Ipanema, localizado no conhecido nº 824A da rua Prudente de Moraes, no bairro que se notabilizou pela canção de Tom e Vinícius, está completando 50 anos.
           
O Ipanema foi inaugurado em 1968, por iniciativa de Rubens Corrêa e Ivan de Albuquerque, contando com o apoio de Leyla Ribeiro, casada com este. O Teatro Ipanema é considerado um ícone da cultura carioca, e brasileira, pelos grandes sucessos montados no seu palco, notadamente nas décadas de 70 e 80.

Aberto ao público, pela primeira vez, em 1968, após quatro anos de obras, aquele novo espaço, logo, passou a ser um endereço conhecido e frequentado pelos amantes do TEATRO, muito em função das novas perspectivas para a linguagem teatral dos diretores que surgiam, na época. Foi, e ainda é, um palco importante na cidade, “de resistência”, sobretudo para jovens dramaturgos, diretores e novas companhias, que iriam, naquele momento, mudar completamente o TEATRO BRASILEIRO, a partir dos anos 70.

Durante a fase negra da história do Brasil, manchada pela excrescência da ditadura militar, que durou 21 anos, de 1964 a 1985, o Teatro Ipanema funcionou como um foco de resistência contra as barbáries cometidas pelos generais de plantão; um local de grande experimentação artística, servindo como uma espécie de incubadora, para o surgimento de uma fantástica e corajosa geração de jovens dramaturgos. Ali, iniciaram suas carreiras, por exemplo, o autor de “HOJE É DIA DE ROCK”, JOSÉ VICENTE, com sua peça “O Assalto” (1969), Isabel Câmara, com As Moças” (1970); e José Wilker e sua A China é Azul (1972), dentre outros grandes nomes da dramaturgia brasileira.






Após a época de seu apogeu, o Teatro Ipanema, com a morte de RUBENS e IVAN, em 1996 e 2001, respectivamente, atravessou uma triste fase de crise e longo quase ostracismo. Não faltaram nem ameaças, até, de vir a se tornar mais um templo religioso (Eu disse “religioso”? Deixa pra lá!). O seu resgate se iniciou, à custa de muita batalha, pela iniciativa de alguns bravos profissionais de TEATRO, no apagar de 2011, quando foi adquirido pela Prefeitura do Rio de Janeiro, tendo passado por obras de restauração, uma vez que o tempo e a falta de uso colaboraram para a degradação física do espaço.

Remodelado e integrado à Rede Municipal de Teatros da Secretaria Municipal de Cultura, voltou a funcionar, totalmente, em junho de 2012. Passou por algumas administrações e, desde março/2016, encontra-se sobre a gestão da consagrada produtora cultural Conexão Eventos®” (Sinapse 2002 Eventos e Produções Artísticas Ltda), proponente da Curadoria e Residência-Artística VEM!ÁGORA, o que, felizmente, vai se estender até fevereiro de 2019. No que dependesse de mim, o Teatro Ipanema ficaria, “ad aeternum”, sob a responsabilidade de José Carlos Della Vedova, Mauro Luiz Vianna, Alexandre Mello, Rogério Garcia e Fabiana de Mello e Souza, os quais vêm fazendo uma excelente administração daquele espaço, com uma programação de primeiríssimo nível. Desde que assumiram o comando do Ipanema, não me recordo de nenhuma pauta ruim; ao contrário, só me vêm à mente espetáculos que estão fazendo com que o Ipanema volte aos noticiários e reviva seus momentos de glória. Vida longa ao casamento VEM!ÁGORA / TEATRO IPANEMA!!!






            Para o ano em curso, em comemoração ao meio centenário daquela casa de espetáculos, a Ocupação promete muitas atrações de peso, a começar pela montagem, infelizmente, numa temporada muito curta, de mais uma OBRA-PRIMA, nascida da mente privilegiada de um gênio, GABRIEL VILLELA, com sua magnífica releitura de “HOJE É DIA DE ROCK”, texto de JOSÉ VICENTE, falecido em 2007.

            O Brasil tem uma grande dívida para com JOSÉ VICENTE, que merecia ser mais estudado, conhecido e reverenciado, pelas novas gerações, por tudo o que representou, como um ícone da contracultura brasileira. Em suas obras, encontramos, retratados e esmiuçados, de forma ousada, temas como religião, drogas e sexo, como, talvez, nenhum outro autor de TEATRO, brasileiro, tenha escrito, antes dele, seguindo uma estética de rebeldia poética.



Elenco da primeira montagem de "HOJE É DIA DE ROCK - 1971


            O espetáculo de GABRIEL VILLELA chegou ao Rio de Janeiro, após duas bem sucedidas temporadas, em Curitiba e São Paulo, onde foi aclamado, pelo público e pela crítica, como não poderia deixar de acontecer, uma vez que traz a marca registrada daquele diretor e conta com um elenco de primeiríssima qualidade, artística e profissional. Só mesmo GABRIEL, para se equiparar a Rubens Corrêa, diretor da antológica montagem de 1971, cuja temporada durou mais de um ano, lotando a sala, e se encerrou nas areias da praia de Ipanema, tamanho o volume de público que tentava entrar na última sessão.

            A montagem aqui analisada conta com um elenco de treze competentíssimos atores, oriundos do TEATRO DE COMÉDIA DO PARANÁ (TCP - TEATRO GUAÍRA), todos selecionados, em testes, e a dedo, pelo diretor, e, “Entre cenário, figurinos e adereços, mais de 100 peças foram produzidas, artesanalmente, pelo atelier de criação de GABRIEL VILLELAtransferido, especialmente, para as dependências do Teatro Guaíra, em Curitiba, onde ficou residente por mais de um mês, para a criação e confecção das peças”, segundo o “release” do espetáculo, enviado por JSPONTES, assessoria de imprensa (JOÃO PONTES e STELLA STEPHANY).








SINOPSE:

A peça-biografia de JOSÉ VICENTE conta a saga de uma família, que sai do interior, do sertão de Minas Gerais, e tenta sobreviver numa capital, uma grande metrópole, movida a consumo.

A família vivencia um conflito, tão comum, interpessoalmente, entre o manter a tradição ou o partir para a modernidade; o ficar, na placidez da vida modesta interiorana, ou o partir, rumo ao desconhecido.

O patriarca é PEDRO FOGUETEIRO (RODRIGO FERRARINI), músico, maestro da banda local e fabricante de fogos de artifício, um sonhador, que procura descobrir uma clave musical de cinco notas, a Clave de Minas, jamais inventada, e que ficou apenas no plano onírico.

A mãe, ADÉLIA (ROSANA STAVIS), vê, no ato de fuga para a cidade grande, a única chance de uma vida melhor para seus cinco filhos, DAVI (MATHEUS GONZÁLEZ), VALENTE (CÉSAR MATHEW), ISABEL (HELENA TEZZA), QUINCAS (PEDRO INOUE) e ROSÁRIO (NATHAN MILLÉO GUALDA).

Lá, porém, a prole se deslumbra com o jeito “americanizado” de se vestir, de se comportar e de se render ao consumismo.









            O texto já é um tratado poético, que se potencializa nas mãos de GABRIEL VILLELA, com seu “toque de Midas”. É impossível não se emocionar, ao limite das lágrimas, até, vendo a história ser contada. Ela mexe com os nossos sentimentos, toca fundo na nossa alma, faz com que valorizemos as raízes, o simples, o comum, o genuinamente brasileiro, e chama a nossa atenção para os “perigos” que nos cercam, quando intentamos fugir da realidade e, tomados por sonhos, buscamos absorver valores de uma cultura “estranha”, cheia de armadilhas, as quais podem levar a uma desestruturação do conjunto de células que formam uma família. Para isso, metaforicamente, JOSÉ VICENTE utiliza uma viagem, como símbolo desse desejo de novas aventuras e descobertas, que, muitas vezes, vai desembocar num mar de tristeza, sofrimentos e decepções.

            Já que estamos falando de simbologia e metáforas, julgo interessante chamar a atenção de quem me lê para a importância do número CINCO, nesta obra, uma fixação do protagonista, depois de uma pesquisa no “Dicionário de Símbolos”, escrito por Jean Chevalier: “O número 5 (cinco) simboliza o centro e a harmonia. (...). É central, para os chineses, o que decorre do fato de, na China, o ideograma que o representa ser uma cruz. Além disso, carrega o sentido de equilíbrio, pois é o resultado da soma de yin (dois) e yang (três). Ele representa o ser humano, na medida em que essa é também a soma de dois braços, duas pernas e tronco. Foi nessas partes do corpo que Jesus foi ferido e que, assim, são conhecidas como as ‘cinco chagas de Cristo’. Acresce que é o número dos sentidos: audição, olfato, paladar, tato e visão. De acordo com a numerologia, o número 5 significa união e equilíbrio. A análise oculta dos números define as pessoas influenciadas por esse número como livres e disciplinadas. Elas têm a tendência de serem ágeis na tomada de soluções. O seu bloqueio pode resultar em impaciência e inquietação. (...)”. São cinco notas musicais, são cinco filhos...









            É indiscutível a atualidade do texto, pois, além de propor um “discurso ‘rock’n’roll’”, como diz VILLELA, deve ser considerado como um tema universal, já fartamente tratado, em tantas peças, mas que, aqui, ganha um destaque quase místico. Uma família que se propõe, ainda que a contragosto do pai, o qual, porém, acaba se deixando convencer pela matriarca, a abandonar sua zona de conforto e partir para uma verdadeira saga, à procura de melhores condições de vida, o fugir da mesmice, é algo com que nos deparamos muito, nos dias atuais, quando vemos as pessoas viajando para o exterior, cheias de esperança de uma nova vida, melhor, fugindo do caos em que se transformou a “nossa pátria-mãe-gentil”. Isso é super atual. Acabei de passar por uma situação dessa.

            Enquanto acomodada, reunida em seu rincão, a família é um todo, indivisível, porém, quando se lança a novos voos, perde a sua identidade, o seu sentido, passando, a bem dizer, por uma diáspora (Foi GABRIEL VILLELA quem usou essa imagem, em entrevista a que tive a oportunidade de assistir.), não no seu sentido denotativo, de “dispersão de povos, por motivos políticos ou religiosos”, mas de forma figurada, como o enfraquecimento e desmantelamento daquilo que não foi feito para se perder, no espaço e no tempo. 






            A contemporaneidade da peça também se faz representar pelo desejo, do dramaturgo, de chamar a atenção para a prática da intolerância, cada vez mais robusta, e a necessidade de enxergar o outro com um olhar de igualdade, com amor fraternal, não se importando com as diferenças e, muito ao contrário, reunindo todos os seres humanos numa só categoria: humanos.

"Os jovens precisam enxergar uma alternativa para a política e para essa onda moralista que tomou o Brasil. Estão bebendo o sangue e os hormônios deles, de canudinho", pensamento de GABRIEL VILLELA, que, na juventude, foi impactado pelo texto de JOSÉ VICENTE, como eu e tantos da minha geração. É, ainda, uma afirmação de GABRIEL: "A peça trata da dissolução da identidade da família, frente às transformações, muitas vezes, trágicas.".

Extraído do “release”: “O diretor, em texto publicado no programa do espetáculo, resume a força da obra: Se assumir a poesia ainda é um ato de coragem, a maior transgressão desse texto é fazer um elogio à diferença. (...)’”.






O espetáculo é uma OBRA-PRIMA, porque reúne o lirismo e a perfeição formal de um texto, a inventividade de um dos melhores diretores teatrais brasileiros, de todos os tempos, e um naipe de atores fabulosos, desconhecidos, até agora, pelo público carioca, acostumado a circular no eixo Rio-São Paulo, quando o assunto é TEATRO. Mas, minha gente, como existem atores talentosos por este Brasil, como nos provam os artistas do TCP!!!

Nesta montagem, VILLELA acumula três funções, pois, além da direção, é responsável pelo cenário e pelo figurino. Nas três atividades, ele imprime sua marca, facilmente identificada por qualquer um que acompanha o seu trabalho, como eu.

Como diretor, é um exímio achador de soluções práticas e extremamente criativas, para passar as mensagens. Aqui, por exemplo, a ideia de materializar algo abstrato, como uma clave musical, num pedaço de elástico, com as pontas ligadas, transformado num inocente e velho brinquedo de criança, que marcou a minha infância, a “cama de gato”, armada e desarmada, exaustivamente, entre marido e mulher, durante um diálogo marcante, é algo admirável. As divergências de pensamentos, o “feijão e o sonho”, estão ali representadas, naqueles movimentos.






A cena que representa ADÉLIA parindo seus cinco filhos também é bastante bonita, assim como é muito interessante o percorrer, pelo palco, dos atores, de mãos dadas, por caminhos sinuosos, como a representar a unidade, que, por vezes, é rompida, e o deslocamento de um trem, pelos trilhos da vida. GABRIEL é um experto em marcações e não seria diferente nesta obra. Sabe, como ninguém, explorar o espaço cênico, em comunhão com os elementos cenográficos da peça.

Por falar em cenografia, esta conta com pouco material, o necessário para ajudar a contar a história. Apenas uma grande mesa, que tem mais de uma utilidade, e treze cadeiras, num estilo que lembra pátina, mas não é. Meu amigo Sérgio Amadei, que fabrica esse tipo de móvel, utilizando madeira nobre, de demolição (DEMOLIART), batizou esse trabalho como “policromia temporal sedimentada”, que eu muito aprecio e, no palco, ganha um relevo ímpar. Além disso, um fundo escuro, com um rio e seus pequenos afluentes, em destaque, caracterizando o local de origem daquela família, a pequena cidade de VENTANIA. Poucos, porém lindos e significativos, objetos de cena são utilizados, com o devido destaque para uma maleta vermelha, que comporta um belo oratório, creio que representando a religiosidade do povo mineiro, que cabe dentro daquele elemento, símbolo de uma viagem.




Os figurinos são um detalhe à parte, como sempre, nas montagens de GABRIEL, assinados por ele; todas as peças de uma beleza quase indescritível, com detalhes mínimos, representados por bordados de fino acabamento e aplicações, às peças de roupas, de pequeninos objetos. Um verdadeiro requinte e deleite para os olhos!!!

Jamais poderia me esquecer do nome de JOSÉ ROSA, habilidoso aderecista e assistente de figurinos, há tanto tempo trabalhando junto a GABRIEL e que também colabora, em muito, para a beleza plástica do espetáculo. Um trabalho artesanal digno de premiação!!!

WAGNER CORRÊA é o responsável por uma correta iluminação, a serviço das cenas, parcimoniosa, em intensidade e variações, mas ajustada à proposta da peça.

Não se trata de um musical (é um drama musical), entretanto a história vai sendo contada com interrupções, para que sejam cantadas as músicas que fazem parte da rica trilha sonora da peça, cujo responsável não consta, na ficha técnica, mas que, obviamente, foi escolhida pelo próprio diretor, uma vez que caem como uma luva, para valorizar determinadas cenas ou passagens da peça. As letras se encaixam perfeitamente. A maioria das canções faz parte do repertório de Mílton Nascimento, mas há espaço para Elvis Presley, The Beatles e Heitor Villa Lobos (eclética), além de outros nomes.

Ainda com relação à parte musical, um destaque também deve ser conferido a MARCO FRANÇA, premiado ator e músico multi-instrumentista, que também atua na peça, acompanhando os atores, responsável pela direção musical, arranjos e preparação vocal do elenco.






AS MÚSICAS DA PEÇA 
(Em ordem alfabética e não na ordem em que são apresentadas.)

As Mocinhas da Cidade (Nhô Belarmino)
Bola de Meia, Bola de Gude (Mílton Nascimento / Fernando Brant)
Caçador de Mim (Sérgio Magrão / Sá)
El Condor Pasa (Daniel A. Robles / Jorge Milchberg)
Encontros e Despedidas (Mílton Nascimento / Fernando Brant)
Fé Cega, Faca Amolada (Mílton Nascimento)
It's Now Or Never (Elvis Presley – versão de “O Sole Mio” – Di Capua)
Let It Be (Lennon / McCartney)
Love Me Tender (Elvis Presley / Vera Matson)
O Trem Azul (Lô Borges / Ronaldo Bastos)
Panis Angelicus (César Franck)
Queremos Deus (Adaptação De Mílton Nascimento / Túlio Mourão)
San Vicente (Mílton Nascimento / Fernando Brant)
Trenzinho Caipira (Heitor Villa Lobos)
Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira)
Tutti Frutti (Little Richard)
Um Gosto de Sol (Mílton Nascimento e Ronaldo Bastos)




 


Ratificando a impressão que o elenco me causou, fiquei profundamente sensibilizado e impressionado com o trabalho de todos, sem exceção, reunidos numa harmoniosa e nivelada interpretação, dos protagonistas ao narrador. Quer individualmente, quer em conjunto, cada um dos treze atores demonstra um potencial interpretativo invejável.

EVANDRO SANTIAGO, como Narrador, nos dá a mão e nos conduz pelo universo mágico, do realismo, não menos mágico, proposto pela direção.

RODRIGO FERRARINI compõe um belo personagem, PEDRO FOGUETEIRO, o patriarca, protagonista, provocando, em cada espectador, um sentimento de puro amor, pela forte carga afetiva que o ator consegue passar, assumindo o personagem, um homem que se contenta com o pouco, mas que o faz feliz. Acho que todo personagem sonhador nos encanta.

ROSANA STAVIS, ADÉLIA, a matriarca, faz o contraponto com o personagem de seu marido, pois raciocina com a cabeça, e não com o coração. Pode-se dizer que é uma personagem universal, uma vez que pode representar todas as mães do mundo, pensando, em primeiro lugar, no futuro de sua prole, para a qual traça planos. Um trabalho de atriz que emociona e diverte. 


       

Por falar em planos, um foi traçado para DAVI, que seria o seminário, apesar de o rapaz não demonstrar vocação para o sacerdócio. O ator MATHEUS GONZÁLEZ se sai muito bem no papel.

ARTHUR FAUSTINO, como SEU GUILHERME, é responsável por provocar boas gargalhadas no público, com sua interpretação, na medida, para o bêbado, sem fugir do estereótipo, mas sem cair no vulgar.




CÉSAR MATHEW parece ter sido escolhido, mesmo, a dedo, para interpretar um dos filhos, VALENTE, o adolescente rebelde, com ou sem causa, “gay”, despudorado, de língua solta. A plateia fica sempre mais atenta e “acesa”, quando o personagem interage com outros. Belo trabalho!

ISABEL, lindamente interpretada por HELENA TEZZA, é uma personagem cativante, por seu lirismo e sua capacidade de sonhar com um príncipe encantado, personalizado por seu ídolo, Elvis Presley, um dos ícones do “rock’n’roll”, que ela costumava ouvir, pelas ondas da Rádio Mayrink Veiga, no programa “Hoje É Dia De Rock”, apresentado por Jair de Taumaturgo, responsável por lançar todos os grandes ídolos da Jovem Guarda. Como ISABEL, eu também colava o ouvido ao rádio, nas tardes de sábado, para ouvir os meus ídolos da adolescência. Só que, para mim, Elvis nunca “saiu do rádio” e adentrou a minha sala, para um “show” particular. Fiquei encantado com o trabalho dessa muito jovem atriz.




KAUÊ PERSONA se divide entre o namorado verdadeiro de ISABEL, TECO, e o platônico, já referido. Bom trabalho em ambos os personagens.




NATHAN MILLÉO GUALDA, ROSÁRIO, a filha cega, presa à saia da mãe; PEDRO INOUE, QUINCAS, o primogênito; FLÁVIA EMIRENE (NEUSINHA), casada com este; LUANA GODIM (DONA EFIGÊNIA); e PEDRO MARQUES (ÍNDIO) também dão conta de seus personagens à altura dos demais.






Um detalhe interessante, que deve ser acrescentado ao trabalho do elenco, é que nem todos cantam, tecnicamente, tão bem, o que não tem a menor importância, já que o espetáculo não se trata de um musical e o que interessa, nele, não é cantar com apuro técnico, mas expressar, com emoção, o conteúdo das letras das canções, com a alma, que é o que todos fazem. E isso é muito importante, porque é como se aquelas letras tivessem sido escritas, especialmente, para a peça ou pelo próprio JOSÉ VICENTE.






FICHA TÉCNICA:

Texto: José Vicente 
Direção, Cenografia e Figurinos: Gabriel Villela
Diretor Assistente: Ivan Andrade 
Direção Musical, Arranjos e Preparação Vocal: Marco França

Elenco: Rosana Stavis (Adélia), Arthur Faustino (Seu Guilherme), César Mathew (Valente), Evandro Santiago (Narrador), Flávia Imirene (Neusinha), Helena Tezza (Isabel), Kauê Persona (Elvis Presley/Teco), Luana Godin (Dona Efigênia), Matheus Gonzáles (Davi), Nathan Milléo Gualda (Rosário), Paulo Marques (Índio), Pedro Inoue (Quincas) e Rodrigo Ferrarini (Pedro Fogueteiro)

Iluminação: Wagner Corrêa 
Aderecista e Assistente de Figurinos: José Rosa 
Fotografia: Vítor Dias 
Projeto Gráfico: José Vítor Cit 
Arranjo de Trenzinho Caipira / Desenredo: Ernani Maletta 
Produção : Áldice Lopes, Daniel Militão e Diego Bertazzo
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany











SERVIÇO:

Temporada: De 02 a 19 de março de 2018
Local: Teatro Ipanema
Endereço: Rua Prudente de Moraes, 824A – Ipanema – Rio de Janeiro (próximo à estação Nossa Senhora da Paz, do metrô)
Telefone: (21) 2267-3750  
Dias e Horários: De 5ª a 2ª feira, sempre às 20h30min
Valor dos Ingressos: R$50,00 e R$ 25,00 (meia entrada)
PROMOÇÃO: CARIOCA PARA MEIA ENTRADA
Horário de Funcionamento da Bilheteria: De 5ª a 2ª feira, sempre uma hora antes do início do espetáculo
Vendas diretamente na bilheteria do Teatro e nas bilheterias da Ticket Mais e internet
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 80 minutos
Gênero: Drama Musicado
   









             Em vários momentos, senti vontade de aplaudir em cena aberta, mas contive a minha emoção, para não quebrar a magia e o ritmo do espetáculo.

Declaro, mais uma vez, despudoradamente, a minha plena admiração por GABRIEL VILLELA, por sua genialidade, sensibilidade e bom gosto estético, assim como me tornei um admirador, em alto grau, dessa turma competente do TCP.

E, para terminar, “Eu descobri, pai - e acho que foi a tempo – que ‘HOJE AINDA É DIA DE ROCK’” (Sá, Rodrix e Guarabira).

E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

COMPARTILHEM, À VONTADE, ESTA CRÍTICA, PARA UMA MAIOR, E MERECIDA, DIVULGAÇÃO DO TEATRO BRASILEIRO!!!




(Gabriel Villela - foto O Globo.)



(FOTOS: VÍTOR DIAS.)
















































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